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São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2003

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FRANÇA

Paris mantém texto de reforma da Previdência

DA REDAÇÃO

O governo francês aprovou ontem, em Conselho de Ministros, o texto definitivo do projeto de reforma da Previdência que prolonga o tempo de contribuição dos funcionários públicos.
O texto será agora encaminhado à Assembléia Nacional (Câmara dos Deputados), que deverá aprová-lo antes do recesso de verão, previsto para a segunda semana de julho.
O projeto, ontem classificado pelo presidente Jacques Chirac de "urgente e necessário", não fez as concessões de última hora exigidas pelos sindicatos, o que deverá desencadear uma nova onda de protestos em toda a França.
A Air France poderá interromper seus vôos a partir de terça-feira, data em que também os sindicatos de professores, do fundamental ao superior, pretendem iniciar sua décima greve contra os planos do governo.
Haverá ainda greves dos ferroviários e metroviários, com a previsão de colapso nos transportes coletivos das grandes cidades.
Chirac possui maioria confortável na Assembléia. Seu primeiro-ministro, Jean-Pierre Raffarin, afirmou ontem que o poder não nasce nas ruas, maneira de reiterar que rejeitará as pressões.
O Ministério da Educação Nacional possui o maior número de servidores públicos no país. Mas as férias escolares a partir de junho inviabilizam uma mobilização de longo prazo. Mesmo assim, o governo acusa os sindicatos de comprometer os exames de fim do ano escolar, sobretudo o "baccalauréat", marcado para 12 de junho e prestado por alunos que concluem o colegial. O "bac", como é chamado, dá acesso automático à universidade.
O principal ponto da reforma da Previdência consiste em aplicar progressivamente ao setor público, até 2008, as mesmas regras hoje válidas para o setor privado. Em lugar de terem direito à aposentadoria depois de 37 anos e meio de contribuição, os servidores só o teriam depois de 40 anos.
A reforma e os protestos que ela desperta continuam a afetar a popularidade de Chirac. Uma pesquisa do instituto CSA demonstra uma queda em sete pontos de seu índice de aprovação, hoje em 57%, distante dos 80% obtidos em abril, quando de sua oposição à guerra dos EUA no Iraque.
No domingo passado, cerca de 300 mil pessoas saíram às ruas, em Paris, em ato público contra o projeto oficial. Foi a maior manifestação contra o atual governo, investido há pouco mais de um ano. Na segunda-feira, uma greve nas torres dos aeroportos reduziu em 80% o tráfego aéreo.
Algumas das lideranças sindicais pretenderiam promover protestos em Evian, pequena cidade ao pé dos Alpes franceses, na qual George W. Bush, Chirac e os demais governantes dos países mais industrializados (o G-8) se reúnem entre domingo e terça-feira.
De qualquer modo, prevendo a presença de militantes antiglobalização e eventuais ataques terroristas, 15 mil soldados e policiais estarão de prontidão na cidade.


Com agências internacionais


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