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FRANÇA
Paris mantém texto de reforma da Previdência
DA REDAÇÃO
O governo francês aprovou ontem, em Conselho de Ministros, o
texto definitivo do projeto de reforma da Previdência que prolonga o tempo de contribuição dos
funcionários públicos.
O texto será agora encaminhado à Assembléia Nacional (Câmara dos Deputados), que deverá
aprová-lo antes do recesso de verão, previsto para a segunda semana de julho.
O projeto, ontem classificado
pelo presidente Jacques Chirac de
"urgente e necessário", não fez as
concessões de última hora exigidas pelos sindicatos, o que deverá
desencadear uma nova onda de
protestos em toda a França.
A Air France poderá interromper seus vôos a partir de terça-feira, data em que também os sindicatos de professores, do fundamental ao superior, pretendem
iniciar sua décima greve contra os
planos do governo.
Haverá ainda greves dos ferroviários e metroviários, com a previsão de colapso nos transportes
coletivos das grandes cidades.
Chirac possui maioria confortável na Assembléia. Seu primeiro-ministro, Jean-Pierre Raffarin,
afirmou ontem que o poder não
nasce nas ruas, maneira de reiterar que rejeitará as pressões.
O Ministério da Educação Nacional possui o maior número de
servidores públicos no país. Mas
as férias escolares a partir de junho inviabilizam uma mobilização de longo prazo. Mesmo assim, o governo acusa os sindicatos de comprometer os exames de
fim do ano escolar, sobretudo o
"baccalauréat", marcado para 12
de junho e prestado por alunos
que concluem o colegial. O "bac",
como é chamado, dá acesso automático à universidade.
O principal ponto da reforma
da Previdência consiste em aplicar progressivamente ao setor público, até 2008, as mesmas regras
hoje válidas para o setor privado.
Em lugar de terem direito à aposentadoria depois de 37 anos e
meio de contribuição, os servidores só o teriam depois de 40 anos.
A reforma e os protestos que ela
desperta continuam a afetar a popularidade de Chirac. Uma pesquisa do instituto CSA demonstra
uma queda em sete pontos de seu
índice de aprovação, hoje em
57%, distante dos 80% obtidos
em abril, quando de sua oposição
à guerra dos EUA no Iraque.
No domingo passado, cerca de
300 mil pessoas saíram às ruas,
em Paris, em ato público contra o
projeto oficial. Foi a maior manifestação contra o atual governo,
investido há pouco mais de um
ano. Na segunda-feira, uma greve
nas torres dos aeroportos reduziu
em 80% o tráfego aéreo.
Algumas das lideranças sindicais pretenderiam promover protestos em Evian, pequena cidade
ao pé dos Alpes franceses, na qual
George W. Bush, Chirac e os demais governantes dos países mais
industrializados (o G-8) se reúnem entre domingo e terça-feira.
De qualquer modo, prevendo a
presença de militantes antiglobalização e eventuais ataques terroristas, 15 mil soldados e policiais
estarão de prontidão na cidade.
Com agências internacionais
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