|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Deposição provoca reação popular tímida
DO ENVIADO A TEGUCIGALPA
A deposição do presidente
Manuel Zelaya provocou apenas pequenas manifestações
pelo país, sem registro de incidentes graves. Na capital, a
maior parte das ruas ficou vazia
e com pouca presença militar, e
o comércio não abriu as portas.
Desde o início do golpe, os
meios de comunicação pró-governo, como a Rádio Nacional
de Honduras, foram ocupados
militarmente e retirados do ar.
Nos canais que continuaram
transmitindo, todos críticos a
Zelaya, as notícias foram substituídas por filmes e programas
de entretenimento.
Em algumas partes da capital, o fornecimento de energia
foi suspenso por várias horas.
Os militares bloquearam as
rodovias de acesso a Tegucigalpa para evitar a chegada de simpatizantes de Zelaya -mais popular no interior que na capital.
A maior manifestação pró-Zelaya ocorreu nos arredores
da Casa Presidencial, sede do
governo hondurenho. Aos gritos de "queremos saber", algumas centenas de simpatizantes
do presidente deposto queimaram pneus e madeira, bloqueando a entrada.
Os militares, postados apenas dentro da Casa, se limitaram a proteger o perímetro interno. Durante o tempo em que
a Folha esteve lá, houve só dois
disparos de festim reagindo a
uma pequena tentativa de derrubar parte da cerca do palácio.
Numa cena curiosa, um manifestante tentava acender
uma fogueira enquanto um
sorridente militar que jogava
água mineral no amontoado de
galhos e papel. A distância entre os dois era de menos de um
metro, separados pela grade.
Para evitar confrontos na
rua, o transporte de material
militar e de pessoal era todo
feito por helicópteros, que pousavam no estacionamento do
palácio e logo alçavam voo.
"Nunca estivera numa manifestação, mas estou indignado
que tenham tirado o presidente", disse o estudante de direito
Cesar Hernandez, 29, simpatizante da sigla de Zelaya.
"Nosso povo é nobre, mas, se
não devolverem o presidente,
haverá violência", disse a secretária Carmen Albano, 52, presente na manifestação armada
de uma sombrinha vermelha
para se proteger do sol.
Até o final da tarde, os manifestantes continuavam diante
da Casa Presidencial, para impedir o fluxo de veículos.
Na frente do Congresso, não
havia mais do que 50 manifestantes, aparentemente em desvantagem numérica com relação aos policiais e militares fortemente armados.0
(FM)
Texto Anterior: Entrevista: "Pecado foi querer dar voz ao povo" Próximo Texto: OEA condena golpe e pede volta de Zelaya Índice
|