São Paulo, segunda-feira, 29 de junho de 2009

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Medo de gripe suína marca ida de argentinos às urnas

Governo recomenda filas ao ar livre; eleitores usam máscaras e álcool para evitar contágio

Vírus já infectou 1.587 pessoas e matou 26 no país; cogita-se que, passada a eleição, governo decrete emergência sanitária

DE BUENOS AIRES

Na eleição em que os argentinos definiram o novo mapa político do país, o protagonista de ontem foi outro: a gripe A (H1N1), a gripe suína.
Com o avanço da doença no país (já são 1.587 casos e 26 mortes), imagens se repetiram pelos 13 mil locais de votação: eleitores e autoridades com máscaras, álcool em gel e esponjas para evitar uso de saliva ao fechar envelopes com votos.
Para reduzir o risco de contágio, o governo recomendou a organização de filas ao ar livre, com distância de um metro entre eleitores -recomendação ignorada em postos de votação visitados pela Folha em três cidades da Grande Buenos Aires.
Especula-se que, passadas as eleições, o governo poderia declarar emergência sanitária no país, como fez o México durante o pico do contágio. A medida abriria caminho para fechamento de escolas e shoppings.
Embora as eleições tenham sido nacionais, as atenções se centraram na Província de Buenos Aires, maior colégio eleitoral (37% dos votos). Ali o governo jogou seu capital político, com candidaturas do ex-presidente Néstor Kirchner e do governador Daniel Scioli.
Também reforçou sua estratégia no entorno pobre da Grande Buenos Aires, para compensar possível derrota no interior.
A aposta kirchnerista era nítida em La Matanza, a maior cidade da região. Com 1,2 milhão de habitantes, reúne 3% dos votos nacionais, mais do que 16 das 23 Províncias argentinas. O slogan oficial "Sigamos fazendo" monopoliza as ruas.
"Fernando Espinoza [prefeito de La Matanza] fez muito pela cidade", disse Daniel Alvarez, 57, ao justificar seu voto em Kirchner e atestar a eficácia da tática oficial, que para puxar votos lançou 16 prefeitos da região às Câmaras municipais.
A 20 km de La Matanza, o cenário muda. Em San Isidro, cidade da abastada zona norte da Grande Buenos Aires, já não se vê propaganda de Kirchner.
Guillermo Scianca, 58, explica assim seu voto no empresário Francisco De Narváez, principal rival de Kirchner e herdeiro de R$ 315 milhões: "Ao menos não vai buscar dinheiro na política."
Pesquisa da consultora Poliarquía apontou que enquanto o voto em Kirchner é associado à "defesa do modelo" (citada por 32% de seus eleitores), o eleitor de De Narváez aposta na mudança (razão dada por 41% dos votantes).
(THIAGO GUIMARÃES)


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