|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Medo de gripe suína marca ida de argentinos às urnas
Governo recomenda filas ao ar livre; eleitores usam máscaras e álcool para evitar contágio
Vírus já infectou 1.587
pessoas e matou 26 no
país; cogita-se que, passada
a eleição, governo decrete
emergência sanitária
DE BUENOS AIRES
Na eleição em que os argentinos definiram o novo mapa político do país, o protagonista de
ontem foi outro: a gripe A
(H1N1), a gripe suína.
Com o avanço da doença no
país (já são 1.587 casos e 26
mortes), imagens se repetiram
pelos 13 mil locais de votação:
eleitores e autoridades com
máscaras, álcool em gel e esponjas para evitar uso de saliva
ao fechar envelopes com votos.
Para reduzir o risco de contágio, o governo recomendou a
organização de filas ao ar livre,
com distância de um metro entre eleitores -recomendação
ignorada em postos de votação
visitados pela Folha em três cidades da Grande Buenos Aires.
Especula-se que, passadas as
eleições, o governo poderia declarar emergência sanitária no
país, como fez o México durante o pico do contágio. A medida
abriria caminho para fechamento de escolas e shoppings.
Embora as eleições tenham
sido nacionais, as atenções se
centraram na Província de
Buenos Aires, maior colégio
eleitoral (37% dos votos). Ali o
governo jogou seu capital político, com candidaturas do ex-presidente Néstor Kirchner e
do governador Daniel Scioli.
Também reforçou sua estratégia no entorno pobre da
Grande Buenos Aires, para
compensar possível derrota no
interior.
A aposta kirchnerista era nítida em La Matanza, a maior cidade da região. Com 1,2 milhão
de habitantes, reúne 3% dos
votos nacionais, mais do que 16
das 23 Províncias argentinas. O
slogan oficial "Sigamos fazendo" monopoliza as ruas.
"Fernando Espinoza [prefeito de La Matanza] fez muito
pela cidade", disse Daniel Alvarez, 57, ao justificar seu voto
em Kirchner e atestar a eficácia
da tática oficial, que para puxar
votos lançou 16 prefeitos da região às Câmaras municipais.
A 20 km de La Matanza, o cenário muda. Em San Isidro, cidade da abastada zona norte da
Grande Buenos Aires, já não se
vê propaganda de Kirchner.
Guillermo Scianca, 58, explica assim seu voto no empresário Francisco De Narváez,
principal rival de Kirchner e
herdeiro de R$ 315 milhões:
"Ao menos não vai buscar dinheiro na política."
Pesquisa da consultora Poliarquía apontou que enquanto
o voto em Kirchner é associado
à "defesa do modelo" (citada
por 32% de seus eleitores), o
eleitor de De Narváez aposta
na mudança (razão dada por
41% dos votantes).
(THIAGO GUIMARÃES)
Texto Anterior: Oposição larga na frente em apuração na Argentina Próximo Texto: Vice de Cristina se reforça como opção presidencial para 2011 Índice
|