São Paulo, quarta-feira, 29 de junho de 2011 |
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Após escândalo sexual, FMI escolhe mulher Francesa Christine Lagarde vence mexicano e dirigirá órgão após afastamento de Strauss-Kahn, acusado de estupro Brasil apoia na última hora a candidatura e pede reformas no órgão; mudança vem em momento-chave
LUCIANA COELHO DE WASHINGTON O FMI (Fundo Monetário Internacional) terá pela primeira vez uma mulher no comando, depois de seu último diretor-gerente ter sido acusado de estupro. A francesa Christine Lagarde assumirá na próxima terça-feira seu mandato de cinco anos em um momento-chave da instituição. No posto, terá de lidar com a resiliente crise na Europa, reformar o sistema de cotas do órgão multilateral de empréstimos e polir a imagem do fundo após um escândalo e a miopia ante o colapso econômico global. Ela sucede a seu compatriota Dominique Strauss-Kahn, que renunciou depois de ser preso por suspeita de estupro e de atrair para o fundo a sombra do sexismo. Os dois, porém, estão de lados opostos na política. Enquanto Strauss-Kahn era um peso-pesado do Partido Socialista, Lagarde é uma conservadora fiscal que se projetou no governo Sarkozy. "Queridos amigos, é uma honra e uma alegria anunciar-lhes que o conselho administrativo do FMI me designou como diretora-gerente!", postou ela no Facebook. VOTO EMERGENTE Lagarde fez uma campanha intensa na mídia e rodou o mundo por apoio. O semanário francês "Le Canard Enchaîné" estima que a ex-ministra das Finanças tenha despendido desse modo ? 150 mil do governo. O alvo maior foram os países emergentes -Brasil, China e Índia são críticos ao acordo tácito que divide os comandos do FMI e do Banco Mundial entre a Europa e os Estados Unidos. Só a horas do anúncio o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, chancelou Lagarde, condicionando o voto ao compromisso assumido por ela de ampliar o peso dos emergentes no fundo, não condizente com o porte econômico deles hoje. Em nota, o ministério cobrou que o próximo diretor-gerente não seja "obrigatoriamente europeu". Pouco antes, havia vindo o apoio de outros emergentes, como China e Rússia, e o protelado endosso dos EUA, por meio do secretário do Tesouro, Timothy Geithner, que enfatizou o aval emergente. O diretor-gerente do FMI é escolhido pelo voto dos 24 membros do conselho administrativo, que falam pelos 187 países-membros, após entrevistas com candidatos indicados pelo primeiro escalão do fundo. Para o brasileiro Paulo Nogueira Batista Jr., que vota pelo Brasil e por outros oito países, o tempo da seleção -cinco semanas- foi apertado. "A decisão de voto só veio ontem [anteontem] à noite, após muita discussão", disse à Folha. "A consulta foi prejudicada pelo processo curto. Faltaram considerações." Lagarde venceu o presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens. Texto Anterior: FOLHA.com Próximo Texto: Ex-diretor: Strauss-Kahn permanece preso em NY Índice | Comunicar Erros |
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