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Israel já discute eficácia das opções militares
DA REDAÇÃO
Os israelenses discutem, internamente, a eficácia das quase três semanas de operações
militares no Líbano. Analistas
assumem posições passionais.
Mesmo se 82% das pessoas
apóiam a iniciativa do primeiro-ministro Ehud Olmert -é
pesquisa publicada anteontem
pelo "Maariv"- a tentativa de
destruir o Hizbollah é a essas
alturas dos combates um tema
bastante controvertido.
Yoel Marcus, jornalista e biógrafo do ex-premiê Ariel Sharon, diz ser evidente a suspeita
de que o Estado-Maior israelense não está fazendo a melhor guerra de que seria capaz.
"Os mísseis do Hizbollah atingem civis inocentes, o que nenhum país árabe jamais ousou
fazer", diz ele, nos quase 60
anos de existência de Israel.
Ele acredita que toda a estratégia militar é anacrônica. Em
lugar de ataques maciços sobre
alvos inimigos identificados
com precisão, há o bombardeio
indiscriminado no Líbano, o
que destrói a capacidade de dissuasão israelense -o grupo radical xiita ganha novos adeptos
entre as numerosas vítimas-,
em lugar de reforçá-la.
Para os israelenses a experiência também é traumática.
No norte do país, um terço da
população foi parar em abrigos.
Há a ameaça de que os mísseis
do Hizbollah atinjam as instalações nucleares de Dimona.
Marcus diz também que o
Hizbollah se confunde de tal
maneira com a população xiita
que destruir o grupo é um objetivo praticamente impossível.
Avraham Tal diz no "Haaretz" que o Hizbollah acumulou ao sul do Líbano o maior estoque de mísseis por quilômetro quadrado para evitar que Israel se defenda no momento
em que o Irã, que caminha para
obter a bomba atômica, possa
partir para uma ofensiva futura
de controle da região.
Também argumenta ser ingênuo acreditar que uma troca
de prisioneiros evitaria o atual
conflito. Caso cedesse, Israel
estaria submetido a uma escalada de exigências, entre as
quais poderia constar até a devolução de aldeias da Alta Galiléia aos descendentes da população xiita desalojada em 1948.
Desse modo, ele conclui, "o
governo fez a coisa certa no
momento certo" ao tentar neutralizar a capacitação militar do
grupo radical islâmico.
Zeev Sternhell, pacifista e
professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, diz que Israel nada aprendeu com a primeira guerra do Líbano e com
as derrotas que o Exército americanos enfrenta no Iraque.
É ingênuo, argumenta, acreditar que o governo libanês retiraria do sul as forças do Hizbollah. Ele não desencadearia
uma nova guerra civil apenas
para satisfazer as exigências da
segurança israelense.
Do mesmo modo, é ilusório
acreditar que os 700 mil libaneses desalojados se voltarão contra o seu governo e exigirão o
isolamento do Hizbollah. Em
verdade, diz ele, é o grupo islâmico que sairá ganhando no
plano político, na medida em
que se acirra a revolta da população civil contra os bombardeios israelenses.
Afirma, por fim, que Israel
sacrifica seus jovens soldados
para cumprir uma agenda -a
do antiterrorismo global- definida pelos Estados Unidos.
Em termos mais práticos, há
indagações sobre a ineficiência
dos serviços israelenses de inteligência, que não souberam
indicar as posições do Hizbollah no sul do Líbano. O "Jerusalem Post" afirma que o grupo
islâmico não utilizou ainda os
mísseis capazes de atingir Tel
Aviv. Mesmo assim, essa hipótese permanece uma ameaça
em suspenso.
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