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Para Brasil, encontro é para ganhar tempo
Unasul mantém reunião hoje em Quito
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O Brasil não tem expectativa nenhuma da reunião de
hoje entre os chanceleres da
Unasul (União de Nações
Sul-Americanas), convocada
apenas para ganhar tempo
até a posse do novo presidente da Colômbia no próximo
dia 7 e para retirar a briga diplomática entre Caracas e
Bogotá do âmbito da OEA
(Organização dos Estados
Americanos), da qual os EUA
fazem parte.
Na avaliação brasileira,
não há nada a fazer enquanto estiverem frente a frente o
atual presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, e seu desafeto da Venezuela, Hugo
Chávez. Os dois países romperam as relações diplomáticas, e qualquer negociação
de fato só ocorrerá quando o
sucessor de Uribe, Juan Manuel Santos, assumir, até
porque ele já acenou com a
bandeira branca.
O Brasil será representado
na reunião de hoje em Quito
pelo secretário-geral do Itamaraty, embaixador Antônio
Patriota, que se preparava
ontem para ouvir mais e interferir menos, a não ser para, eventualmente, apagar
incêndios.
A Colômbia vai tentar
acender o fogo repetindo o
que já fizera na OEA: confirmar com mapas, vídeos, fotos e depoimentos sua denúncia de que a Venezuela
dá guarida a grupos narcoguerrilheiros, especialmente
às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
E a Venezuela vai continuar blefando: o seu chanceler, Nicolás Maduro, disse em
Brasília na última segunda-feira que tem "um plano" para reatar relações e trabalhar
contra a guerrilha, mas não
mostrou qual era.
O presidente Lula pediu
ontem paciência na busca de
diálogo entre Colômbia e Venezuela e disse acreditar no
interesse da Unasul em construir entendimento entre os
dois países. Ele disse que
conversará com os três principais envolvidos no tema:
Uribe, Santos e Chávez.
"Ainda não vi conflito. Eu
vi conflito verbal, que é o que
ouvimos mais aqui na América Latina", afirmou Lula.
Colaborou SIMONE IGLESIAS, de Brasília
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