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Confiança no premiê está abalada, diz analista
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES
O premiê britânico, Tony Blair,
assumiu responsabilidades ontem, mas sai do episódio com a
reputação abalada, segundo o
analista político Gwyn Prins, professor da London School of Economics. Para ele, é uma ironia,
pois o inquérito está mostrando
que o governo não exagerou o
dossiê sobre o Iraque.
(MLA)
Folha - Qual sua avaliação do desempenho de Blair?
Gwyn Prins - Ele desafiou lorde
Hutton [o juiz] a julgar as consequências, dizendo que foi dele
[Blair] a decisão de revelar o nome de Kelly. Mas os eventos de
hoje [ontem] mostraram que o
governo Blair está decisivamente
em declínio, porque ele não vai
mais conseguir persuadir o público em geral a confiar nele. Tudo o
que foi revelado mostrou que o
governo não atuou da forma como se esperava. Tudo foi feito por
um ex-jornalista, Alastair Campbell [diretor de Comunicações],
que parece uma figura rasputiniana em sua relação com Blair.
Campbell surge como o mais poderoso. Blair é o marionete, e
Campbell parece ser o mestre.
Folha - O que apareceu até agora
confirma a reportagem da BBC?
Prins - Não. Está claro que o governo não é culpado das acusações feitas por Andrew Gilligan
[repórter da BBC]. Gilligan terá
de se demitir se a BBC quiser preservar seu bom nome. O governo
sai com a reputação seriamente
abalada, e a BBC também.
Folha - Se a reportagem estava
errada, por que a reputação de
Blair está abalada?
Prins - Porque agora está claro
que a discussão sobre se o nome
de Kelly deveria ser revelado ou
não não foi feita em busca da verdade, mas nos interesses do que o
ministro da Defesa [Geoff Hoon]
chamou de "apresentação". Mostra que se trata de um governo obcecado com a forma pela qual se
apresenta.
Folha - O futuro de Blair como primeiro-ministro está em risco?
Prins - Não há nenhum rival óbvio. Acho que sua posição no governo não deve ser desafiada.
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