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Em visita a Beirute, Annan pressiona Israel e Hizbollah
Secretário-geral da ONU pede libertação de soldados e fim do bloqueio israelense
No início de uma viagem a 9 países da região, Annan critica desrespeito ao cessar-fogo e é vaiado ao visitar subúrbio xiita de Beirute
DA REDAÇÃO
O secretário-geral da ONU,
Kofi Annan, criticou Israel e o
Hizbollah por desrespeitarem
o cessar-fogo ao chegar ontem
a Beirute, na primeira escala de
uma viagem de 11 dias ao Oriente Médio. A presença de Annan
na capital libanesa ocorreu em
meio a uma intensa movimentação diplomática para definir
a composição da missão de paz
que será enviada ao sul do país.
As declarações de Annan alimentaram os rumores de que
há uma negociação em andamento para a troca de prisioneiros entre Israel e o Hizbollah. Em entrevista no domingo, o líder do grupo xiita, Hassan Nasrallah, disse que há contatos nesse sentido, mediados
pela ONU e pela Itália, o que foi
negado por Israel.
"Renovo meu apelo para que
os soldados capturados sejam
libertados e, como um primeiro
passo, sejam transferidos, sob
os auspícios da Cruz Vermelha,
para o governo libanês ou para
uma terceira parte", disse Annan após reunir-se com o gabinete libanês.
Aprovação turca
Com Annan em Beirute, sinais de avanço na consolidação
da força multinacional vieram
da Itália e da Turquia. O ministério da Defesa da Itália, país
que dividirá com a França o comando da missão, anunciou
que um contingente de 1.900
soldados deve chegar ao Líbano
até sexta-feira.
O gabinete turco aprovou o
envio de soldados à missão da
ONU, mas a decisão ainda depende do aval do Parlamento,
que deve ser dado na semana
que vem. Se acontecer, será a
primeira participação confirmada de um país muçulmano
na missão da ONU. Israel rejeita países islâmicos com os quais
não tem laços diplomáticos, o
que não é o caso da Turquia,
com a qual tem até um pacto
militar.
Sentado ao lado do premiê libanês, Fouad Siniora, Annan
criticou Israel e Hizbollah pelo
desrespeito a alguns pontos da
resolução 1.701 da ONU, que
estabeleceu as bases do cessar-fogo após 34 dias de combates.
Além de exigir que o grupo xiita
liberte os dois soldados que seqüestrou no dia 12 de julho,
exortou Israel a levantar o bloqueio naval e aéreo sobre o país.
"O menu é fixo. Não é um bufê
ou um menu a la carte em que
se pode escolher o que pegar.
Temos que implementar [a resolução 1.701] em sua totalidade", disse Annan.
Israel respondeu rapidamente, reiterando que o bloqueio
será mantido até que os capacetes azuis assumam posição.
"Uma vez que a força internacional esteja totalmente posicionada e em condições de evitar o tráfico de armas para o
Hizbollah, não haverá necessidade para o bloqueio aéreo e
marítimo", disse David Baker,
assessor do governo israelense.
Sem citar os países pelo nome, Annan fez uma referência
indireta a Irã e Síria. "Todas as
nações devem respeitar o embargo de armas", disse. "É importante que as fronteiras sejam protegidas e que não haja
tentativas de rearmamento."
Annan sentiu de perto o
apoio ao grupo xiita em sua visita a um subúrbio do sul de
Beirute, duramente castigado
pela ofensiva de Israel. Vaiado
por algumas das centenas de
pessoas que cercaram sua comitiva, muitas com cartazes de
Nasrallah, Annan preferiu encurtar a visita.
Investigação em Israel
Hoje Annan estará em Israel,
onde deverá discutir com o governo formas de negociar a troca de prisioneiros com o Hizbollah. Sua viagem incluirá ainda
os territórios palestinos, Jordânia, Síria, Qatar, Irã, Arábia
Saudita, Egito e Turquia.
Pressionado por uma crescente onda de insatisfação popular com o desfecho da guerra
contra o Hizbollah, o premiê israelense, Ehud Olmert, anunciou ontem a abertura de uma
investigação oficial para apurar
possíveis erros na condução do
conflito.
Com agências internacionais
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