São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 2008

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Relatório lista crimes de Stroessner

Emocionado, Lugo pede primeiro perdão oficial às vítimas de ditadura no Paraguai, que durou 35 anos

Para comissão, foram 59 mortes e 336 desaparições, além de quase 20 mil casos de tortura; ditador morreu em 2006 exilado no Brasil


DA REDAÇÃO

Relatório da Comissão da Verdade e Justiça (CVJ) do Paraguai apresentado ontem diz que pelo menos 59 pessoas foram mortas e outras 336 desapareceram durante a ditadura do general Alfredo Stroessner, que durou de 1954 a 1989. O presidente recém-empossado Fernando Lugo, presente à divulgação, pediu perdão oficial em um emocionado discurso.
Segundo o documento da comissão, mais de 128 mil pessoas, entre vítimas diretas -20 mil- e indiretas -108 mil-, foram perseguidas durante as três décadas e meia do regime. Quase 20 mil foram presas arbitrariamente, 94,5% das quais sofreram tortura física ou psicológica. Houve ainda 3.470 "exílios forçados", além de casos não registrados.
"Perdão, perdão em nome da nação paraguaia", disse Lugo com os olhos marejados e em meio a soluços e interrupções respondidos com aplausos de autoridades, vítimas e parentes de vítimas de Stroessner presentes no Teatro Municipal, em Assunção. Foi o primeiro pedido de desculpas oficiais realizado por um presidente.
O relatório, baseado nos depoimentos de 2.059 pessoas, vítimas ou familiares de vítimas, co-responsabilizou o Executivo, as Forças Armadas, a polícia e demais órgãos de repressão do regime. Há ainda "responsabilidades de algumas administrações dos EUA" e dos governos que promoveram a Operação Condor -Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.
O Paraguai não promulgou anistia e possui, desde 1996, uma lei que prevê a imprescritibilidade dos crimes cometidos no período da ditadura. Formada por nove membros de diversos setores da sociedade, a comissão defende, porém, a sua revisão para acelerar as indenizações e permitir ao Ministério Público iniciar processos contra os envolvidos.
Segundo o presidente da CVJ, o bispo Mario Melanio Medina, as principais vítimas foram ligas agrárias camponesas, movimentos estudantis, partidos de oposição e organizações políticas menores.
Stroessner morreu em 2006, aos 93, em Brasília, onde vivia exilado desde 1989.

Com a EFE



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