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Relatório lista crimes de Stroessner
Emocionado, Lugo pede primeiro perdão oficial às vítimas de ditadura no Paraguai, que durou 35 anos
Para comissão, foram 59 mortes e 336 desaparições, além de quase 20 mil casos de tortura; ditador morreu em 2006 exilado no Brasil
DA REDAÇÃO
Relatório da Comissão da
Verdade e Justiça (CVJ) do Paraguai apresentado ontem diz
que pelo menos 59 pessoas foram mortas e outras 336 desapareceram durante a ditadura
do general Alfredo Stroessner,
que durou de 1954 a 1989. O
presidente recém-empossado
Fernando Lugo, presente à divulgação, pediu perdão oficial
em um emocionado discurso.
Segundo o documento da comissão, mais de 128 mil pessoas, entre vítimas diretas -20
mil- e indiretas -108 mil-, foram perseguidas durante as
três décadas e meia do regime.
Quase 20 mil foram presas arbitrariamente, 94,5% das quais
sofreram tortura física ou psicológica. Houve ainda 3.470
"exílios forçados", além de casos não registrados.
"Perdão, perdão em nome da
nação paraguaia", disse Lugo
com os olhos marejados e em
meio a soluços e interrupções
respondidos com aplausos de
autoridades, vítimas e parentes
de vítimas de Stroessner presentes no Teatro Municipal,
em Assunção. Foi o primeiro
pedido de desculpas oficiais
realizado por um presidente.
O relatório, baseado nos depoimentos de 2.059 pessoas, vítimas ou familiares de vítimas,
co-responsabilizou o Executivo, as Forças Armadas, a polícia
e demais órgãos de repressão
do regime. Há ainda "responsabilidades de algumas administrações dos EUA" e dos governos que promoveram a Operação Condor -Argentina, Brasil,
Chile, Paraguai e Uruguai.
O Paraguai não promulgou
anistia e possui, desde 1996,
uma lei que prevê a imprescritibilidade dos crimes cometidos no período da ditadura.
Formada por nove membros de
diversos setores da sociedade, a
comissão defende, porém, a sua
revisão para acelerar as indenizações e permitir ao Ministério
Público iniciar processos contra os envolvidos.
Segundo o presidente da
CVJ, o bispo Mario Melanio
Medina, as principais vítimas
foram ligas agrárias camponesas, movimentos estudantis,
partidos de oposição e organizações políticas menores.
Stroessner morreu em 2006,
aos 93, em Brasília, onde vivia
exilado desde 1989.
Com a EFE
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