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Cuba atrasa pagamento de dívidas
Petroleira canadense e fornecedores japoneses são afetados; Japão suspende aval oficial a vendas à ilha
Brasil ainda não foi atingido; país sofre com alta mundial dos combustíveis e dos alimentos; crise atrasa as reformas econômicas
FLÁVIA MARREIRO
DA REDAÇÃO
Acossado pela alta dos preços
combustíveis e, em especial,
pela inflação mundial dos alimentos, o governo cubano deixou de pagar parcelas devidas à
petroleira canadense Pebercan
e também a fornecedores japoneses, o que levou a agência exportadora do país oriental a interromper a emissão de seguros para vendas à ilha.
A decisão da agência japonesa é de 5 de agosto, mas só veio a
público na semana passada. A
da petroleira do Canadá, é do
fim de junho. "Dada a difícil situação econômica e o contexto
geral de aumento do preço de
alimentos, a Cupet [a estatal
cubana do petróleo] foi incapaz
de fazer os pagamentos de abril
e maio", diz o comunicado da
Pebercan. A ilha deixou de repassar US$ 37 milhões à empresa, que disse estar em negociação com o governo cubano.
Os dois casos juntam-se aos
reiterados discursos oficiais sobre austeridade e corte em investimentos -que visam baixar as expectativas da população quanto à velocidade das reformas econômicas prometidas por Raúl Castro- e têm espalhado um clima de incerteza
entre os fornecedores.
Segundo reportagem da
agência Reuters, em Havana, o
governo Raúl Castro informou
a ao menos dois países ocidentais que não teria fundos para
honrar pagamentos a seus governos e empresas neste mês.
Os nomes dos países não foram revelados. Segundo a embaixada brasileira em Cuba, os
negócios com o governo e empresas brasileiras correm sem
maiores turbulências, inclusive
a linha de crédito de US$ 150
milhões para a compra de alimentos recentemente ampliada -há atrasos de alguns dias,
considerados rotineiros.
O Brasil, que quer ser "o sócio
número 1 de Cuba", nas palavras do chanceler Celso Amorim, é o número oito no ranking
mundial de intercâmbio comercial com a ilha, mas o número dois só na América Latina. Foram US$ 412 milhões negociados bilateralmente em
2007, muito atrás dos mais de
US$ 2,6 bilhões da Venezuela.
Parceiros
Se Caracas salva Cuba e vários países do Caribe do colapso
pela alta do petróleo vendendo
combustível a prazos e taxas
mais camaradas, a inflação dos
alimentos é um tema diário da
imprensa oficial. A ilha importa
84% dos itens da cesta básica,
pesadamente subsidiada.
Segundo o vice-presidente
Carlos Lage, que comanda a
economia e faz a vezes de premiê, a ilha gastará pelo menos
US$ 1 bilhão a mais importando comida neste ano. Mesmo a
conta do petróleo deu um salto
de 32%, segundo ele. A balança
comercial teve déficit de US$
6,3 bilhões no ano passado.
A comunista Cuba, sob embargo econômico dos EUA, não
tem acesso a organismos multilaterais de crédito e não há notícia de que tenha recorrido ao
venezuelano Hugo Chávez por
socorro. Seu segundo maior
parceiro, a China, é conhecida
por não facilitar condições de
crédito para a ilha.
Sua dívida externa total é de
US$ 37 bilhões, segundo o economista Carmelo Mesa-Lago.
E a ilha tem buscado renegociar parte dela nos últimos anos
-outra parte, com a antiga
União Soviética, não é reconhecida pelo governo.
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