São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2010

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ANÁLISE REINO UNIDO

Trabalhista adota ambiguidade na estreia

Líder Ed Miliband faz acenos a bandeiras da esquerda, mas alerta os sindicatos contra greves irresponsáveis

JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ed Miliband foi ontem ambíguo em seu primeiro discurso como líder da oposição trabalhista do Reino Unido.
Deu piscadelas para a esquerda, como a proteção do salário mínimo (R$ 19/hora) ou a defesa dos imigrantes.
Mas, ao mesmo tempo, tranquilizou dirigentes e filiados, durante a convenção de Manchester, que julgam anacrônico e politicamente suicida o abandono de uma linha mais ao centro, seguida por Harold Wilson, duas vezes primeiro-ministro nos anos 60 e 70, e pelos governos de Tony Blair e Gordon Brown (1997-2010).
Foi assim que alertou os sindicatos contra "greves irresponsáveis" em resposta ao corte nos gastos públicos para conter a crise fiscal.
Advertência bem recebida pelos jornais conservadores "Times" e "Daily Telegraph".
A BBC destacou que Miliband disse empunhar a bandeira do otimismo.
A verdade é que Miliband é um espécime atraente aos olhos dos socialistas europeus, interessados na renovação da imagem dessa corrente política que, de tanto usar fermentos ortodoxos para administrar crises econômicas, acabou por mimetizar seus adversários conservadores ou liberais.
No Reino Unido, a ideia de renovação é meio confusa. Os trabalhistas suprimiram de seus estatutos há quase 30 anos a menção ao socialismo. O "Novo Trabalhismo" de Blair é hoje confundido, externamente, com o alinhamento aos EUA na invasão do Iraque. "Um imenso erro", disse Miliband.
Mas inexistem na cartilha as nacionalizações maciças -siderurgia, eletricidade, telecomunicações ou transportes- adotadas no pós-Guerra por Clement Attlee (1945-1951). E desmontadas, a partir de 1979, pela conservadora Margaret Thatcher.
Miliband disse em agosto que, entre os quase 5 milhões de eleitores que seu partido perdeu, 5 a cada 6 pertenciam aos segmentos mais pobres. São os que se sentem protegidos pelos sindicatos.


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