São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 2011

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Líder europeu defende taxar as transações financeiras

Mercado tem de contribuir, afirma Durão Barroso, que preside Comissão Europeia

Setor de finanças alega que impacto da taxa na 'economia real' da Europa seria severo; analistas contestam

EM BERLIM

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, defendeu ontem a criação de uma taxa sobre transações financeiras (FTT, na sigla em inglês) como um dos meios para sanar as finanças públicas do bloco.
"É uma questão de justiça", disse Durão Barroso em discurso sobre o Estado da União diante do Parlamento Europeu, em Estrasburgo. "Nos últimos três anos, Estados-membros deram ajuda ou garantias equivalentes a 4,6 trilhões ao setor financeiro. É hora de o setor financeiro fazer sua contribuição."
Segundo o presidente, a aplicação da taxa levaria a uma arrecadação anual de cerca de 55 bilhões. A proposta, que requer aprovação de todos os 27 membros do bloco para vigorar, conta com o apoio de França e Alemanha, mas enfrenta resistência de países como Suécia e Reino Unido.
Durão Barroso também sugeriu "mais Europa" como resposta à crise, ou seja, que os países da zona do euro integrem melhor suas economias de modo a proteger a moeda em comum. Para isso, uma reforma dos tratados europeus -algo impopular na região- pode ser necessária.
"Estamos em um momento crucial da história. Se não promovermos uma maior unificação, sofreremos uma fragmentação. Será o batismo de fogo de toda uma geração."
Rascunho de proposta da comissão propõe uma taxa-base de 0,1%, que incidiria, por exemplo, sobre a compra de ações e títulos. A taxa sobre derivativos seria inferior (0,01%), e transações no mercado de moedas seriam isentas. Um plano detalhado deve ser apresentado em breve.
Um estudo realizado pela própria comissão avalia que uma FTT poderia provocar, no longo prazo, impacto entre 0,53% e 1,76% do PIB no crescimento da região.
Citada pelo "Financial Times", a Associação dos Mercados Financeiros da Europa afirmou que "o impacto na economia real, especialmente manufatores e exportadores, pode ser severo". Mas alguns analistas contestam.
"A FTT precisa ser introduzida de tal maneira que não afugente o mercado financeiro da Europa", disse à Folha Piotr Kaczynski, do Centro de Estudos de Política Europeia.
"Mas o impacto não é sobre a indústria, e sim sobre os bancos. Dizer que, em tempos de dificuldades econômicas, uma taxa tão pequena punirá potenciais criadores de empregos é bobagem."

GRÉCIA
Ante especulações de que a Grécia possa abandonar o euro, Durão Barroso afirmou que ela "é e continuará sendo membro da zona do euro".
Hoje, inspetores da União Europeia, do FMI e do Banco Central Europeu voltam a Atenas para verificar se o país cumpriu sua parte e se poderá, então, receber uma nova parcela de ajuda no próximo mês.
(CAROLINA VILA-NOVA)


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