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Há meio século a ONU aprovava a criação do Estado de Israel
Partilha da Palestina completa
50 anos sem mapa definitivo
SÉRGIO MALBERGIER
da Redação
Israel e ONU são um caso típico
de depressão pós-parto. O Estado
judeu teve um nascimento trau
mático no ventre da organização, a
Assembléia Geral, há 50 anos.
Um brasileiro, Osvaldo Aranha,
que presidiu a sessão, pode ser
considerado o parteiro.
Aranha, depois descobriu-se, era
um dos centros anti-semitas do
governo Vargas. Já a ONU, nesses
50 anos, teve como principal alvo
de moções de censura o seu filho
recém-nascido, Israel.
A ONU criou, na mesma data da
aprovação da partilha, o Dia Inter
nacional de Solidariedade ao Povo
Palestino. Israel, até hoje, é o único
país a não fazer parte de nenhum
de seus grupos geopolíticos regio
nais, por ser boicotado pelos vizi
nhos árabes.
Sem fazer parte dos grupos, Is
rael fica impedido de ser eleito ou
eleger membros para os organis
mos da ONU, como o Conselho de
Segurança.
Colônia britânica
A primeira grande conquista ju
daica na batalha pela Palestina foi a
Declaração Balfour (do chanceler
britânico Arthur James Balfour),
de 1919.
Ela reconheceu o direito dos ju
deus de retornarem à Palestina,
"ficando claro que não se fará na
da que possa prejudicar as comu
nidades não-judaicas".
A declaração deu grande impul
so à imigração judaica. De 1918 a
1939, o número de judeus na Pales
tina passou de 55 mil para 450 mil.
O crescimento da comunidade
judaica despertou o nacionalismo
árabe-palestino. Nas décadas de 20
e 30, os árabes se rebelaram.
Ao final da Segunda Guerra
(1939-45), os judeus da Palestina
estavam bem organizados, sob a li
derança da Agência Judaica, mas
as lideranças árabes discordavam
entre si.
O presidente dos EUA, Harry
Truman, se declarou favorável à
causa sionista. Grupos terroristas
judeus começaram uma campa
nha contra alvos britânicos. Em
1946, explodiram a sede da admi
nistração britânica em Jerusalém.
Em 2 de abril de 1947, sob pres
são dos EUA e obrigado a manter
um custoso aparato militar na re
gião, o Reino Unido pediu que as
Nações Unidas discutissem a ques
tão da Palestina.
Delegados da ONU enviados à
região recomendaram o fim do
mandato britânico e a criação de
dois Estados. Segundo números
dos mandatários britânicos, a po
pulação da Palestina em 1947 era
de 1,2 milhão de árabes, 650 mil ju
deus e 150 mil "outros".
A partilha da Palestina britânica,
pela resolução 181 da Assembléia
Geral -aprovada por 33 votos a
favor, 13 contra e 10 abstenções-,
deu aos judeus mais de 50% do ter
ritório disputado, incluindo quase
todo o litoral, e colocou árabes e
israelenses em lados opostos, de
uma maneira quase irreconciliá
vel.
Desde então, foram cinco gran
des guerras (1948, 56, 67, 73 e 82),
dezenas de incidentes graves e cen
tenas de escaramuças.
A antiga Palestina parece peque
na para acomodar israelenses e pa
lestinos. Há milhões de refugiados
palestinos espalhados pelo mun
do, muitos sonhando em voltar
para as suas casas -hoje no cora
ção de cidades israelenses. Como
os judeus durante séculos sonha
ram em voltar.
O território equivale à área do
Estado de Sergipe. O mapa da re
gião está em constante ebulição.
Planos para redesenhá-lo surgem
quase toda semana. Depois de 50
anos, a partilha definitiva da Pales
tina parece ainda distante.
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