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País é aliado dos EUA e de Israel
JEAN-PHILIPPE RÉMI
DO "LE MONDE", EM NAIRÓBI
Se a intenção era encontrar um
alvo simbólico para um atentado,
o Quênia deve ter sido uma das
primeiras opções. Aliado tradicional dos EUA na África oriental
desde a Guerra Fria, o país já tinha
sido atingido, em 1998, por um
atentado a bomba contra a Embaixada dos EUA em Nairóbi.
Após o ataque, um escritório
permanente de investigadores
americanos foi instalado na capital queniana, encarregado justamente de prevenir novos ataques.
Desta vez, os alvos não são americanos, mas israelenses. Mais
uma vez, a intenção é claramente
desferir um golpe simbólico. Os
passageiros do vôo fretado e os
turistas de férias no Hotel Paradise foram alvejados primeiramente como turistas -o turismo é a
terceira mais importante atividade econômica do país. Mas eles
foram alvejados também porque
quase todos eram israelenses -o
Quênia mantém relações excelentes com Israel.
Os mísseis erraram seu alvo,
mas deixaram claro que o Quênia
é vulnerável. O ataque constitui
uma humilhação para a coalizão
chefiada pelos EUA, que fez do
Quênia uma plataforma regional.
Além de seus vínculos estreitos
com EUA e Israel, o país tem a
vantagem de dispor de aeroportos civis internacionais, bases aéreas e um porto de águas profundas, Mombaça, já utilizado pelos
navios de guerra americanos durante a Guerra do Golfo.
Mombaça fica perto da Somália,
não muito longe de uma região
sem controle onde, segundo especialistas, a bomba usada no atentado de 1998 teria sido montada.
Essa região é um dos redutos do
grupo somali Al Itihad Al Islami,
suspeito de elo com a Al Qaeda.
A hipótese de que os militantes
da organização islâmica possam,
desde o 11 de setembro, continuar
a manter campos de treinamento
que poderiam servir de base para
o reagrupamento dos membros
da Al Qaeda que fugiram do Afeganistão levou os EUA a criar um
plano de intervenção na Somália,
que acabou sendo abandonado
por falta de evidências precisas.
Em todo caso, a costa do Quênia é
uma área onde a religião muçulmana é majoritária, apesar de o
país ser mais cristão do que islâmico. Essa região é vista por especialistas como território favorável
para o desenvolvimento de redes
terroristas "adormecidas".
Tradução de Clara Allain
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