São Paulo, terça-feira, 29 de dezembro de 2009

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Herdeiros do Grupo Clarín farão exame de DNA hoje

Objetivo é saber se pais biológicos dos dois são vítimas da ditadura argentina

A pedido dos examinados, amostras serão comparadas só com as de duas famílias, não com as 22 pretendidas pelas Avós da Praça de Maio


SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES

Por determinação judicial, os herdeiros da proprietária do Grupo Clarín, Ernestina Herrera De Noble, devem submeter-se hoje a um exame de sangue, para verificar, por provas comparativas de DNA, se seus pais biológicos são vítimas da ditadura militar argentina (1976-1983).
Marcela e Felipe Noble Herrera foram adotados por Ernestina em 1976. Segundo depoimento de um ex-sócio, a adoção foi intermediada pelo CEO do grupo, Héctor Magnetto, com o ditador Jorge Videla, dando a Ernestina a guarda das crianças, que haviam sido apropriadas pelos militares de militantes políticas assassinadas.
As Avós da Praça de Maio, que movem a ação para investigar a paternidade dos filhos de Ernestina, contabilizam 22 famílias em busca de "netos" que poderiam ser Marcela e Felipe.
Na ordem que dispôs o exame, porém, o juiz responsável pela causa, Conrado Bergesio, acatou as condições requeridas pelos herdeiros de Ernestina.
Marcela e Felipe terão o direito de extrair sangue no local de sua preferência -e não no órgão designado pelo Estado para esse tipo de prática. Eles garantiram também que suas mostras de DNA sejam comparadas somente com as de duas famílias que alegam tê-los como descendentes, e não com todo o banco de dados de prováveis progenitores.
Bergesio, que está à frente da causa há sete anos, deu ontem a ordem para o exame, depois que dois juízes da Câmara Federal ordenaram que ele determinasse a medida "imediatamente e sem mais demoras".
As Avós, que haviam comemorado a decisão da Câmara, classificaram de "ilegal" a ordem de Bergesio, por configurar tratamento especial aos herdeiros de Ernestina. Elas afirmaram que usarão "recursos legais" para reverter o ato.
A reativação dessa causa foi classificada pela deputada opositora ao governo Elisa Carrió como parte de investida oficial contra o Grupo Clarín.


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