São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Segundo Iraque, mortos de Najaf pertenciam a grupo messiânico

Governo diz que líder do grupo afirmava ser imã Mehdi, salvador dos xiitas

DA REDAÇÃO

Funcionários do governo iraquiano informaram que os supostos insurgentes mortos entre domingo e ontem na região de Najaf faziam parte de um grupo messiânico chamado "Soldados do Céu".
Segundo o governo, o número de mortos na batalha, anteriormente estimado em 250, passou oficialmente a ser 200. Entre 120 e 150 pessoas foram presas e 60 ficaram feridas.
A batalha - que teve presença de militares norte-americanos- foi a pior na Província desde que os EUA devolveram Najaf para o controle do governo iraquiano, em dezembro. Dois militares americanos foram mortos na queda de um helicóptero e dez soldados iraquianos morreram durante os confrontos.
Os "Soldados do Céu" eram pouco conhecidos antes do episódio ocorrido neste final de semana. O pouco que se sabe sobre o grupo vem de informações governamentais.
Em entrevista para uma rede de televisão iraquiana, o vice-governador da Província de Najaf (de maioria xiita), Abdul Hussein Abtan, afirmou que o líder do grupo, um iraquiano que dizia se chamar Mehdi bin Ali bin Ali bin Abi Taleb e ser descendente de Maomé, também está morto. De acordo com Abtan, Taleb afirmava que era o imã Mehdi -líder espiritual do século 9 que muitos xiitas acreditam que retornará um dia para restabelecer a paz e a justiça.
O vice-governador descreve o movimento como "uma organização ideológica e militar com bastante experiência". Ele afirma que o movimento é formado por um grupo pequeno, mas que atraiu uma grande quantidade de "pessoas ingênuas" nos últimos dias por declarar a volta do imã Mehdi. Dentre essas "pessoas ingênuas", estavam mulheres e crianças, que podem estar entre os mortos e feridos.
Segundo o governador de Najaf, Asad Abu Galal, os "Soldados do Céu" -formados por iraquianos sunitas, xiitas e estrangeiros- planejavam atacar a comunidade xiita e peregrinos durante o festival religioso de Ashura -que teve início na semana passada- e matar os grandes aiatolás. Se o ataque fosse bem sucedido, era sinal de que o imã Mehdi voltara.
De acordo com o general iraquiano Othman Al Ghanemi, o ataque, que envolveria entre 600 e 700 pessoas armadas, estava planejado para hoje -principal dia da Ashura e dia em que os xiitas acreditam que Mehdi possa voltar. Ele afirma que o Exército apreendeu 500 rifles automáticos, morteiros e foguetes russos Katyusha, que estavam sob poder do grupo.
De acordo com dois clérigos xiitas, a origem do grupo é outra. Segundo eles, os insurgentes faziam parte de um grupo xiita que Saddam Hussein ajudou a fundar, na década de 90, para competir com os seguidores do aiotalá Ali Al Sistani.

Outros confrontos
Entre confrontos violentos envolvendo grupos que acreditam que imã Mehdi voltou, está o episódio liderado pela oposição às forças imperiais britânicas no Sudão, nos anos de 1880, e outro envolvendo 350 pessoas que tomaram a Grande Mesquita, na Árabia Saudita, em 1979. Cerca de 250 pessoas morreram na ocasião.
Ontem, em outras regiões do Iraque, ao menos 15 pessoas morreram em ataques.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Congresso dos EUA analisará violações de Israel no uso de bombas de fragmentação
Próximo Texto: Bush volta a advertir Irã; embaixador iraniano oferece assessoria a Bagdá
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.