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China reprime "noivas fantasmas"
Três criminosos mataram mulheres e as venderam para que fossem enterradas ao lado de solteiros
Informação de jornal chinês
relata prática em Província
isolada; crença em outra
vida após a morte exige a
noiva ao cadáver masculino
DA REDAÇÃO
O jornal chinês "Legal Daily",
especializado em assuntos penais e legais, informa que três
cidadãos foram presos por matar e comercializar "noivas fantasmas". Eram mulheres solteiras, compradas vivas com a
promessa de casamento, mas
que foram em seguida assassinadas para serem enterradas
ao lado de homens adolescentes e solteiros, para assim
acompanhá-los na vida eterna.
O costume de providenciar
noivas, mesmo já mortas, para
homens defuntos é reprimido
pela legislação chinesa, mas
bastante comum em aldeias
isoladas da Província de Shaanxi, ao norte da China. Outros
países asiáticos, como a Malásia, também têm por hábito sepultar casais que não se conheceram em vida, para que o homem não se sinta na outra vida
desprestigiado pela ausência de
uma mulher ao seu lado.
O casamento após a morte é
chamado em chinês de "minghun". Seria teoricamente fácil
encontrar a mesma quantidade
de cadáveres dos dois sexos.
Mas em algumas regiões rurais
da China há um déficit de mulheres, que procuram empregos em áreas urbanas.
Além disso, em todo o país, o
aborto de fetos do sexo feminino levou a população masculina a se tornar bem mais numerosa. A agência de notícias Xinhua revela que em 2005 nasceram 118 meninos para cada
grupo de 100 meninas.
Essa desproporção torna o
cadáver feminino moralmente
mais valioso e financeiramente
mais caro. É por isso que os pais
de garotos mortos tentam comprar no mercado clandestino
cadáveres de noivas fantasmas.
Os casos relatados pelo "Legal Daily" ocorreram no final
do ano passado. Yang Dongyan,
35, pequeno agricultor, disse
ter "comprado" uma jovem
com problemas mentais pelo
equivalente a US$ 1.600, para
revendê-la como noiva.
Mas um agente funerário,
Liu Shenghai, disse a ele que, se
estivesse morta, a garota valeria muito mais. Dito e feito. Ela
foi assassinada, e seu corpo,
vendido por US$ 2.077.
Entusiasmado com a rapidez
do lucro, Yang intermediou um
outro cadáver e em seguida matou uma prostituta que costumava freqüentar. Conseguiu,
porém, vender o corpo dela por
apenas US$ 1.000, porque ela
"era muito feia e já estava um
pouco mais velha".
O corretor disse ter apreciado o lucro rápido. E afirmou
que recomeçaria novamente
caso não tivesse sido preso
-em companhia do agente funerário e de um terceiro cúmplice, Hui Haibao, encarregado
de matar as vítimas.
Embora desconhecendo o
homicídio, o "New York Times" relatou o costume chinês
- para os ocidentais uma bizarra aberração- em reportagem
publicada em outubro último.
As famílias camponesas chinesas são patrilineares. A mulher pertence à família do homem com quem se casou. Caso
um homem morra adolescente
(com 12 anos ou mais) ou excessivamente idoso, sem nunca
ter-se casado, sua linhagem na
próxima vida estaria, segundo a
crença, comprometida.
É por isso que, desde tempos
imemoriais, famílias camponesas praticam a troca ou o comércio de cadáveres. Familiares mais pobres simplesmente
sepultam junto o casal que não
se conheceu em vida. Os mais
ricos fazem ceia com carne de
porco ou de carneiro.
O jornal conta que no ano
passado um camponês surpreendeu "corretores" que tentavam desenterrar o corpo de
sua mulher recentemente morta para vendê-lo à família de
um jovem defunto.
Narrou também o desespero
de uma mulher cujo irmão
morrera havia pouco e que tentou comprar o cadáver de uma
garota de 15 anos, abandonado
num hospital de sua região.
Com agências internacionais
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