São Paulo, sábado, 30 de janeiro de 1999

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"BALCANIZAÇÃO'
Saiba mais sobre a região

RICARDO BONALUME NETO
especial para a Folha

Os Balcãs (região onde fica a Iugoslávia) podem ser comparados a uma colcha de retalhos feitas de grupos étnicos em permanente costura. "Balcanização" entrou para os dicionários modernos como sinônimo de fragmentação política e conflitos constantes.
Desde o século 17, a região vive esse clima, agravado pelas intervenções ocasionais de grandes potências.
Por vários séculos a região esteve unificada sob domínio dos turcos otomanos. O fracasso turco em tomar Viena (Áustria), em 1683, dá início à decadência otomana. As dezenas de nacionalidades começam então a reclamar autonomia.
Há em torno de 20 línguas principais faladas na região. E, como as fronteiras foram desenhadas pelas várias guerras, cada país tem suas minorias étnicas.
O primeiro grande conflito que abocanhou bons pedaços aos turcos foi a crise de 1877-78. Aproveitando a guerra russo-turca, tornaram-se independentes ou autônomos Bulgária, Montenegro, Sérvia e Romênia.
Tanto os pequenos países da região como as maiores potências européias aproveitaram crises para conquistar mais terra ou evitar que um rival o fizesse. A Áustria aproveitou para ocupar a Bósnia em 1878.
A Guerra Ítalo-Turca pela Líbia, de 1911, foi a oportunidade para Bulgária, Sérvia e Grécia quase eliminarem a Turquia da Europa em 1912-13. Sobrou apenas um encrave em torno da antiga capital, Istambul.
O estopim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi o assassinato do herdeiro do trono austríaco em Sarajevo. Depois da guerra, surgem novos países, entre os quais a Iugoslávia, reunindo Bósnia-Herzegóvina, Croácia, Sérvia, Eslovênia, Macedônia e Montenegro.
Com a invasão alemã dos Balcãs na Segunda Guerra (1939-1945), algumas nacionalidades aproveitam para reivindicar autonomia ou conquistar territórios, se aliando aos invasores.
Com o fim da guerra e o advento do comunismo, o problema das nacionalidades foi abafado, só para surgir de novo, incluindo mais guerra, na década de 90, com o fim do comunismo.



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