São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 2000


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MASSACRE
Polícia encontra mais 53 corpos na casa de líder da seita, considerado foragido pelas autoridades
Mortos em Uganda passam de 800

Reuters
Cena da retirada de corpos de valas comuns encontradas embaixo e ao redor da casa de Dominic Kataribabo, líder da seita Movimento pela Restauração dos Dez Mandamentos de Deus, em Rugazi


das agências internacionais

A polícia de Uganda desenterrou ontem mais 53 corpos da casa de um dos líderes da seita Movimento pela Restauração dos Dez Mandamentos de Deus, Dominic Kataribabo, em Rugazi (sudoeste de Uganda, leste da África).
Com isso, chegam a mais de 800 os corpos achados desde que um incêndio na igreja do grupo provocou cerca de 500 mortes e atraiu a atenção das autoridades, no último dia 17.
Só no jardim e no interior da casa de Kataribabo já foram encontrados 155 corpos.
Os líderes da seita previram o fim do mundo para o dia 31 de dezembro do ano passado e encorajaram seus seguidores a doar seus bens à seita. Como a previsão não se concretizou, os seguidores começaram a exigir o retorno de seus bens e se tornaram uma força insurgente, que parece ter sido massacrada pelos líderes do culto.
O médico-legista da polícia Thaddeus Burungi informou que algumas das vítimas encontradas anteontem, na mesma casa, tinham sido estranguladas e que amostras de tecido de outros mortos mostraram que eles haviam sido envenenados.
Autoridades policiais afirmaram ontem ter indícios suficientes para acusar judicialmente de assassinato Kataribabo, que já é considerado oficialmente como foragido -junto com outros líderes da seita. "Se você encontra cadáveres em uma casa, seu proprietário não se torna o principal suspeito? Então tenho razões para indiciá-lo", disse o chefe da investigação, Godfrey Bangirana.
Burungi afirmou que os corpos encontrados em Rugazi foram enterrados há menos de seis meses, mas salientou que seria difícil determinar precisamente, por enquanto, quando as vítimas foram assassinadas.
O governo estima que a seita teve uma média de 5.000 seguidores nos últimos anos -muitos abandonaram o grupo no período.
Assuman Mugenyi, porta-voz da polícia ugandense, disse que outros cinco locais serão vasculhados nos próximos dias e que policiais retornarão à igreja em Kanungu, onde ocorreu o incêndio, na maior investigação de assassinato da história do país.
Inicialmente, a polícia havia tratado o incidente de Kanungu, sudeste de Uganda, como um caso de suicídio coletivo, mas novas descobertas a levaram a acreditar na hipótese de assassinato.


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