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São Paulo, domingo, 30 de março de 2003

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Aviões bombardeiam forças pró-Saddam em Basra

Anja Niedringhaus/ Associated Press
Criança carrega uma pia enquanto passa em frente a um tanque britânico, a caminho da saída de Basra, cidade no sul iraquiano


DA REDAÇÃO

Forças britânicas apertaram o cerco em torno de Basra (sul do Iraque), após aviões americanos bombardearem, com mísseis guiados a laser, um prédio onde cerca de 200 membros do partido Baath, de Saddam Hussein, estariam reunidos. O general americano Victor Renuart declarou a jornalistas no Qatar que todos eles morreram.
Por enquanto, os comandantes militares anglo-americanos estão evitando um ataque frontal à segunda maior cidade do Iraque, onde a maioria dos cerca de 1,3 milhão de habitantes são muçulmanos xiitas, tradicionais opositores do regime de Saddam Hussein, dominado por sunitas.
Os EUA e o Reino Unido esperam que os xiitas se rebelem contra as forças leais ao regime, como aconteceu ao final da Guerra do Golfo (1991). Mas o grupo religioso majoritário do Iraque está agindo com cuidado, pois foi alvo de represálias por parte do regime há 12 anos atrás, após os EUA retirarem o apoio à sua rebelião.
Desde o início da guerra, as tropas invasoras já controlam partes do sul do Iraque e praticamente cercam Basra. Entretanto, forças pró-Saddam, entre elas os fedayin, que têm adotado técnicas de guerrilha urbana, e membros do partido Baath ainda dominam a cidade, inclusive o centro.
Forças britânicas fizeram ontem breves incursões na cidade e destruíram duas estátuas do ditador iraquiano. Segundo o porta-voz das forças britânicas no Kuait (país vizinho que está servindo de base para a ofensiva militar), coronel Chris Vernon, as incursões têm "objetivo psicológico". Visam mostrar que as forças invasoras conseguem entrar e sair da cidade sem maiores problemas.
"Nós esperávamos reação de forças irregulares", disse Vernon. "Mas não sabíamos com que empenho iriam resistir. Devagar, mas progressivamente, eles estão desistindo", afirmou.
Segundo os britânicos, combatentes fedayin teriam disparado contra cerca de mil civis que tentavam sair de Basra. Os soldados britânicos teriam desistido de atacar os paramilitares por temor de que os civis acabassem atingidos.
Os EUA e o Reino Unido tentam evitar grande número de mortos entre civis para reduzir o impacto negativo da guerra tanto na população iraquiana quanto na opinião pública internacional.
Já os partidários e militares do regime iraquiano parecem estar adotando a estratégia de permanecer dentro das cidades, misturados à população civil, trocando uniformes por roupas normais. Buscam forçar as tropas invasoras a entrarem nas cidades para enfrentar sua supremacia militar com táticas de guerrilha urbana.
Acredita-se que essa estratégia será amplamente usada para defender Bagdá, mas Basra também representa um importante teste para os EUA e o Reino Unido.
As tropas britânicas que cercam Basra controlam as pontes sobre o rio Eufrates e as estradas. Postos de controle foram instalados para revistar quem entra e sai.
Havia grande movimento ontem de vendedores de alimentos que levavam produtos produzidos na região para vender no principal centro urbano do sul. Moradores de Basra também saíam em grande número. Alguns fugiam da cidade, outros saíam e retornavam pouco depois.
Em mais um caso de "fogo amigo" (quando um soldado é atingido por integrantes de seu próprio Exército ou por aliados), um soldado britânico morreu e cinco ficaram feridos. Também surgiram informações de que soldados britânicos teriam sido sequestrados perto de Basra. Mas o Ministério da Defesa britânico negou.
Com o início da guerra, no último dia 20, Basra chegou a ficar praticamente sem água e energia elétrica, o que provocou temores de que poderia haver uma crise humanitária de grandes proporções. O problema de abastecimento foi parcialmente reduzido após uma equipe do Comitê Internacional da Cruz Vermelha realizar consertos na planta de distribuição de água da cidade.
Forças anglo-americanas já começaram a distribuir pacotes de ajuda humanitária e água no sul do Iraque. Mas a situação ainda é precária e instável.
Com agências internacionais

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