São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 2011

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Coalizão anuncia que dará dinheiro de Gaddafi a rebeldes

Aliados discutem formas de auxílio financeiro e não descartam fornecer armamento a opositores de ditador

Mando militar da ação passa hoje dos EUA para Otan; forças do regime impõem novos recuos a rebeldes nos combates

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A coalizão aliada que promove as operações militares na Líbia admitiu ontem estudar meios de prestar auxílio financeiro a rebeldes contra o ditador Muammar Gaddafi e não descartou fornecer armas aos insurgentes líbios.
A decisão é nova evidência do alinhamento a opositores líbios, ultrapassando os termos da resolução da ONU.
Reunidos em Londres para debater o futuro da intervenção militar no país, representantes dos países envolvidos defenderam a ideia de que o mandato da ONU permite a revisão do embargo à Líbia.
"A nossa interpretação é de que a resolução [da ONU] alterou a proibição de fornecimento de armas a qualquer destinatário na Líbia, de modo que poderia haver a transferência legítima de armas", afirmou a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton.
Em entrevistas a emissoras americanas, o presidente Barack Obama prometeu pressionar Gaddafi até a sua renúncia e também não descartou enviar armas a rebeldes.
A chanceler americana negou, no entanto, que uma decisão nesse sentido já tenha sido tomada, admitindo apenas que "meios não letais" de auxílio às forças rebeldes foram discutidos no encontro.
"Discutimos formas de habilitar o Conselho Nacional de Transição [governo paralelo rebelde] a ter suas necessidades financeiras", disse.
Uma possibilidade é que os países aliados utilizem os cerca de US$ 33 bilhões ligados a Gaddafi congelados e fornecer auxílio à oposição.
O representante do conselho rebelde no encontro de Londres, por sua vez, defendeu abertamente o fornecimento de armas à oposição.
"Não temos armas. Queremos apoio político mais que armas. Mas se tivéssemos os dois seria ótimo", afirmou o chefe de imprensa do conselho, Mahmoud Shammam.
A coalizão liderada por EUA, França e Reino Unido defendeu a continuidade dos ataques até que Gaddafi aceite promover cessar-fogo.
Hoje, o comando militar das operações deve ser transferido à Otan (aliança militar ocidental), atendendo ao desejo dos EUA de limitar o envolvimento em novo conflito.
Os países aliados acertaram a formação de um conselho de acompanhamento das operações formado por ONU, União Europeia, Liga Árabe, União Africana e a Conferência Islâmica. A primeira reunião do grupo será no Qatar.

NOVO RECUO REBELDE
No campo de batalha, forças leais a Gaddafi voltaram ontem a impor recuos aos rebeldes, depois de perderem o controle de uma faixa que se estende de Benghazi, a capital rebelde, até quase a entrada de Sirte em poucos dias.
Segundo relatos do front, governistas haviam retomado Bin Jawad e ameaçavam Ras Lanuf. Ao mesmo tempo, realizavam ataques a Misrata, a terceira maior cidade do país (ver o quadro abaixo).
No litoral de Misrata, forças aliadas destruíram as primeira embarcações de guerra da Líbia desde o começo da intervenção. Alvos do governo também foram atingidos na capital líbia, Trípoli.


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