São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 2011

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Japoneses estudam a estatização de operadora de usina

Maior empresa elétrica da Ásia, Tepco administra os reatores de Fukushima, atingidos por tsunami há 20 dias

Companhia é acusada de falta de investimento em segurança; diretor é criticado por ter sumido durante o desastre

JUSTIN McCURRY
DO "GUARDIAN", EM TÓQUIO

O Japão estuda a nacionalização da Tokyo Electric Power Company (Tepco), operadora da usina de Fukushima, que está no cerne do pior acidente nuclear da história do país.
As dúvidas quanto ao futuro da Tepco, a maior empresa elétrica da Ásia, coincidem com as críticas crescentes à maneira como ela vem lidando com a emergência.
Boa parte das críticas está sendo dirigida ao presidente da empresa, Masataka Shimizu, que não é visto em público há vários dias.
Funcionários da Tepco disseram que Shimizu, 66, esteve ausente por alguns dias da semana passada devido a "uma doença sem gravidade", mas afirmaram que ele retomou a direção das operações de emergência na sede da empresa, em Tóquio.
Em 15 de março, Shimizu foi alvo de um acesso de ira do primeiro-ministro, Naoto Kan, para quem a empresa demorara demais em informá-lo de uma explosão.
Repórteres ouviram Kan perguntando a Shimizu e outros executivos: "O que diabos está acontecendo?".

DEMORA
Além disso, a firma vem sendo acusada de ter demorado para usar água do mar para resfriar os reatores superaquecidos de Fukushima, devido aos danos que poderia causar aos reatores.
No domingo, a empresa anunciou leituras extremamente inexatas dos níveis de radiação presentes no prédio do reator 2, pelas quais mais tarde pediu desculpas.
Na semana passada, veio à tona o fato de que dois empregados expostos a altos níveis de radiação pisaram sobre poças contendo água contaminada, calçando apenas botinas de cano curto.
Entusiasta da redução de custos, Shimizu foi elogiado por ter feito a Tepco voltar a ser lucrativa, depois de a empresa sofrer prejuízos pesados em decorrência de um terremoto em 2007.
Mas, de acordo com relatos recentes, a Tepco deixou de fazer averiguações obrigatórias de segurança e procurou prorrogar a vida operacional de reatores antigos.
Desde o tsunami de 11 de março, as ações da empresa perderam cerca de 70% de seu valor, ou US$ 30 bilhões.
O ministro nacional da Estratégia, Koichiro Gemba, disse que a possibilidade de nacionalização não pode ser excluída. "Naturalmente, haverá vários debates sobre o futuro da Tepco", disse.
Um porta-voz da empresa, Hajime Motojuku, disse que não tem conhecimento de quaisquer planos de nacionalização. "Neste momento, nossa primeira e maior prioridade é impedir que o acidente da usina nuclear se agrave ainda mais."

Tradução de CLARA ALLAIN


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