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São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2003

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IRAQUE OCUPADO

País diz que militares agiram para se defender; segurança em Bagdá deve ser reforçada por até 4.000 homens

EUA matam 15 manifestantes iraquianos

Al Jazeera/Associated Press
Multidão carrega caixões de iraquianos mortos após disparos em manifestação em Fallujah


DA REDAÇÃO

As tropas americanas no Iraque mataram pelo menos 15 pessoas e feriram outras 75 durante uma manifestação contra a presença militar dos EUA em Fallujah, 50 km a oeste de Bagdá, na noite de anteontem. Os militares disseram que agiram em reação a tiros disparado pelos manifestantes.
O incidente -precedido pela morte de seis iraquianos horas antes em confronto com soldados americanos em Mossul (norte)- acirrou as tensões antiamericanas no país e expôs a falta de domínio da administração provisória americana sobre a segurança.
Para amenizar o problema, o governo americano anunciou o envio de entre 3.000 e 4.000 soldados e policiais militares nos próximos dez dias para a região de Bagdá, sem dar mais detalhes. Hoje há cerca de 150 mil militares americanos no Iraque, sendo aproximadamente 12 mil na capital.
Em Bagdá, o Exército assumiu o controle da segurança, que era dos marines, porque teria melhor estrutura para policiar a cidade. Mas embora o fornecimento de eletricidade e água tenha sido restabelecido em cerca de 75% da capital desde então, saques e violência permanecem.
Segundo o general Glenn Webster, subchefe das tropas terrestres dos EUA no Iraque, a prioridade no momento é reunir membros da ditadura derrubada no último dia 9, autoridades civis e estudiosos para debater a questão da segurança na capital.
A empresa americana DynCorp, contratada por US$ 50 milhões no último dia 18, deve enviar mil funcionários ao país no prazo de um ano para prestar consultoria na reorganização do sistema legal e policial.

Contradições
Testemunhas em Fallujah afirmaram que os soldados abriram fogo sem aviso prévio contra uma multidão desarmada -em meio a qual haveria crianças- que protestava, na noite de anteontem, contra a instalação de cerca de 150 soldados da 82ª Divisão Aerotransportada em uma escola local. Após o incidente, os militares se retiraram da escola.
Já os americanos dizem que teriam reagido após serem atacados a tiros. O tenente Christopher Hart afirmou que seus homens teriam matado "entre sete e dez iraquianos" após sofrerem disparos de dois homens com rifles.
Fallujah é vista como um reduto do Baath, partido do ex-ditador Saddam Hussein, desaparecido desde o último dia 9.

Crimes de guerra
Ontem, um advogado belga anunciou que um grupo de 19 iraquianos deve entrar no próximo dia 13 com um processo por crimes de guerra contra o general americano Tommy Franks, comandante das tropas no Iraque. Segundo Jan Fermon, que representa o grupo, a ação correrá sob uma lei belga de 1993 que aborda genocídios e atrocidades.
O Departamento de Estado americano se declarou "preocupado" com a ação.

Com agências internacionais


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