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São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2003

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ELEIÇÕES NA ARGENTINA

"Fracassei", diz Bauzá ao ex-presidente, a quem está ligado desde os anos 70, segundo a imprensa argentina

Menem afasta o chefe de sua campanha

Daniel Garcia - 27.abr.2003/France Presse
Simpatizantes do candidato à Presidência argentina Carlos Menem aguardam discurso do ex-presidente em hotel de Buenos Aires


ELAINE COTTA[
DE BUENOS AIRES

A disputa pelos votos dos eleitores argentinos no segundo turno das eleições presidenciais, em 18 de maio, já provocou mudanças na equipe de campanha do ex-presidente Carlos Saúl Menem (1989-1999). Anteontem à noite, Menem afastou Eduardo Bauzá, que chefiou toda a campanha do primeiro turno.
Bauzá está ligado a Menem desde a década de 70 e ocupou cargos importantes nos dois mandatos do ex-presidente. Foi ministro do Interior na gestão que começou em 1989 e chefe de governo- cargo que corresponderia ao de José Dirceu no Brasil- em 1995.
Motivo: a vantagem de apenas dois pontos percentuais registrada por Menem sobre o segundo colocado, o também peronista Néstor Kirchner. A equipe de campanha do ex-presidente chegou a acreditar numa vitória já no primeiro turno ou numa vantagem de até oito pontos sobre o segundo colocado. O resultado foi considerado por eles um fracasso.
Agora, Menem pretende renovar a equipe e cogita profissionalizar a campanha contratando consultores que, inicialmente, não teriam vínculos políticos com o menemismo. Alguns dos nomes cogitados pela imprensa argentina são Manuel Mora, que tem uma empresa de pesquisa de opinião, e Felipe Noguera, um conhecido consultor político da Argentina.
O próprio Bauzá reconheceu a necessidade de mudança na imagem do menemismo. "A campanha necessita de caras novas já, agora mesmo. Eu fracassei", afirmou ao próprio Menem, segundo os jornais argentinos.
As mais recentes pesquisas de opinião apontam que Menem terá poucas chances de vitória num segundo turno caso não consiga angariar votos dos eleitores de Adolfo Rogríguez Saá e Ricardo López Murphy. "Os eleitores de [Elisa] Carrió não votam em Menem e parte dos que votaram em Murphy o fizeram para combater o menemismo", afirma Roberto Bacman, diretor do Ceop (Centro de Estudos e Opinião Pública), de Buenos Aires.
Graciela Römer, a pesquisadora que mais se aproximou do resultado final do primeiro turno, afirma que Kirchner venceria por uma diferença de 44% a 22%. Para Ricardo Rouvier, Menem teria apenas 20,4%, enquanto Kirchner ficaria com 52%.
"Kirchner tem capacidade de chamar votos de todos os outros candidatos. Para mudar isso, Menem terá de alterar toda a equipe, mostrar que pretende colocar gente nova no governo caso venha a ser eleito", disse Rouvier.

Campanha na rua
Ao contrário do que ocorreu durante o primeiro turno, os candidatos à Presidência da Argentina pretendem fazer uma campanha mais agressiva nas semanas que antecedem o segundo turno. A equipe de já definiu que irá investir pesado em campanhas publicitárias de rádio de televisão nas Províncias em que o candidato não teve bom desempenho.
A estratégia de Kirchner é captar votos de eleitores que optaram por Elisa Carrió e Ricardo López Murphy no primeiro turno. Os assessores do candidato o apresentarão como a opção de um modelo "ético, progressista e racional".
"Os acordos políticos terão pouco peso nesta eleição", afirma Roberto Bacman. Segundo ele, os eleitores argentinos tendem a votar, desta vez, de forma independente. "Esta é uma eleição em que as pessoas não estão votando num projeto e sim numa imagem", afirmou.


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