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São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Ação em Tel Aviv ocorre horas após aprovação de gabinete moderado

Palestinos aprovam governo; terrorista mata 3 em Israel

DA REDAÇÃO

O Parlamento palestino em Ramallah (Cisjordânia) aprovou ontem o gabinete do novo premiê, Mahmoud Abbas -mais conhecido como Abu Mazen. Foram 51 votos a favor e 18 contra. A decisão deve levar à apresentação de um novo plano de paz.
Horas depois da aprovação, uma grande explosão na madrugada de hoje em Tel Aviv matou ao menos 3 pessoas e feriu cerca de 30, no que poderia ser um recado dos terroristas palestinos ao novo gabinete. Até o fechamento desta edição, nenhum grupo havia reivindicado o ataque. A ação aconteceu em um pub perto da embaixada americana. Os EUA condenaram o atentado, mas disseram que não impedirá a apresentação do plano de paz.

Gabinete
Os EUA se mostraram satisfeitos com a aprovação. Israel afirmou que irá esperar pelas ações de Mazen. A criação do cargo de premiê era uma exigência israelense e americana para a retomada do processo de paz. Mazen sempre foi o nome preferido por ser moderado e ter dado declarações contrárias à Intifada (levante contra a ocupação israelense). Arafat inicialmente resistiu a ceder poder, mas recuou após fortes pressões dos EUA e da Europa.
O grupo terrorista Hamas disse que se oporá ao novo governo palestino, que promete combater a estrutura terrorista em troca de avanço nas negociações de paz.
O premiê passará a controlar a administração diária da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e a segurança interna, responsável pela repressão aos grupos terroristas. Segundo analistas, isso pode levar a uma guerra civil entre os palestinos. Como presidente da ANP, Arafat manterá o controle sobre algumas áreas da segurança palestina. E permanece como a voz final em um possível acordo de paz com Israel.
Arafat chegou a se opor ao gabinete, com vários membros que o criticam. Analistas dizem que ele e Mazen -aliados desde os anos 60- podem entrar em choque.
Para que Arafat participasse da reunião do Parlamento, parte da sessão foi realizada em seu QG em Ramallah. Ele é impedido por Israel de deixar o local.
Arafat foi descartado pelos EUA e por Israel para negociar a paz por ser conivente com o terror.
O novo premiê se disse "feliz com a democracia palestina, apesar das ameaças de militantes contrários a seu projeto de negociar a paz com Israel". "Espero que esse gabinete não desaponte nosso povo", disse.
O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, disse que o presidente George W. Bush irá divulgar em breve o novo "plano de paz". "O presidente pretende trabalhar conjuntamente com palestinos e israelenses para avançar em direção à paz no Oriente Médio."
O projeto pode ser divulgado oficialmente hoje. Prega um cessar-fogo, que os palestinos combatam imediatamente os grupos terroristas e que Israel congele a construção de assentamentos em Gaza e Cisjordânia.
Até 2005 seria criado um Estado palestino com fronteiras provisórias. Em 2005, após a negociação de temas como Jerusalém, assentamentos judaicos e direito de retorno dos palestinos, seria criado um Estado com fronteiras finais.
Mazen disse ontem que os palestinos "não esperam menos do que um Estado com Jerusalém como capital, uma unidade [geográfica] do país e o desmantelamento dos assentamentos [judaicos]".
O governo de Israel disse que "Mazen e seu governo serão julgados por suas ações".
Mazen disse que só "o governo palestino deve ter armas". O recado foi para os grupos terroristas.
O líder do Hamas Abdel Aziz Rantisi manifestou oposição ao novo governo e disse que o grupo não irá se desarmar. Ele afirmou que se Mazen tentar agir contra o grupo, o Hamas irá se defender.


Com agências internacionais


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