São Paulo, quinta-feira, 30 de abril de 2009

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Demora origina dúvidas sobre reação à gripe

DO "FINANCIAL TIMES"

Funcionários graduados de serviços de saúde latino-americanos e internacionais foram informados sobre o surto de gripe suína no México pelo menos duas semanas antes de lançarem alertas públicos quanto à doença.
A demora alimenta dúvidas quanto à possibilidade de que mais pudesse ter sido feito para prevenir a difusão da infecção pelo mundo. A Veratect, consultoria americana que monitora reportagens veiculadas na internet, confirmou ontem que a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) teve acesso a alertas sobre um surto no México em 10 de abril, mas não emitiu alerta público até o dia 23 de abril.
As datas jogam luz em aparentes problemas na coleta e disseminação de dados, a despeito da substancial ampliação nos esforços de preparo para enfrentar uma pandemia nos últimos anos. Os alertas surgiram muito antes do primeiro reconhecimento público do surto, no final da semana passada, quando a OMS, à qual a Opas é afiliada, a FAO (Organização da Agricultura e Alimentos) e outras agências internacionais iniciaram suas operações de emergência.
Quando a operação internacional mais ampla foi enfim montada para rastrear e analisar o vírus, já era tarde demais para tentar contê-lo. A demora forçou o abandono de planos preparados com muita antecedência para tentar deter a expansão da epidemia por meio de esforços de tratamento e apoio. Causou também dificuldade a vários governos que tentam agora lançar medidas mais agressivas de saúde pública.
A OMS informou que a primeira notificação que recebeu sobre o surto foi em 16 de abril, por meio da Opas. Dois dias mais tarde, em 18 de abril, a organização recebeu confirmação do CDC (Centro de Controle de Doenças dos EUA) de que havia dois casos da gripe na Califórnia.
Bob Hart, vice-presidente da Veratect, disse que sua empresa relatou em 30 de março a seus clientes -OMS, CDC, governos, empresas e ONGs- a internação em um hospital canadense, oito dias antes, de um advogado que sofria de uma doença respiratória ao voltar do México.
Em 10 e 11 de abril, a Opas consultou reportagens da imprensa mexicana selecionadas sobre o surto de gripe. Dick Thomson, um porta-voz do centro, disse acreditar porém que "ninguém do setor de saúde pública desejaria nenhum tipo de emergência mundial". "O México informou sobre a doença de forma rápida e transparente, e foi um membro responsável da comunidade internacional. Se houver críticas, estudaremos para determinar se são justificadas", afirmou.

Tradução de PAULO MIGLIACCI



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