São Paulo, quinta-feira, 30 de abril de 2009

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Questionado, Obama diz que fechar a fronteira com México não faria sentido

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O presidente Barack Obama descartou ontem fechar neste momento a fronteira com o México como maneira de conter a proliferação da atual variação da gripe suína, que teve seu primeiro caso registrado naquele país. O democrata ouviu de técnicos de sua equipe que a medida seria supérflua, uma vez que já há casos de contaminação em solo americano.
"Seria como fechar a porteira do celeiro depois de os cavalos já terem escapado", comparou ontem o presidente, em entrevista coletiva na Casa Branca por ocasião dos 100 primeiros dias de seu mandato.
O político abriu seu discurso com um informe sobre a situação da pandemia e chegou a dar conselhos à população, como lavar a mão, cobrir a boca ao tossir e evitar aviões e transportes públicos se houver suspeitas de contaminação. "Eu sei que parecem trivial, mas são importantes", disse.
Observado por assessores e diante de uma centena de jornalistas do mundo inteiro, Obama deu sua terceira entrevista coletiva desde que assumiu o governo, em janeiro, no Salão Leste da Casa Branca.
Apesar de o discurso ter sido aberto com a gripe suína e uma mensagem de felicitações ao Congresso por ter passado resolução do Orçamento proposto por Obama para o ano fiscal de 2010, que começa em outubro, o presidente respondeu mais questões sobre política externa ou relacionados ao assunto do que sobre economia ou mesmo sobre a doença.

Tortura
Indagado sobre se ele continuava considerando tortura a prática de interrogatório chamada de "waterboarding", que simula afogamento na vítima e que foi utilizada na administração de George W. Bush, Obama fez sua crítica mais dura e direta ao antecessor sobre o tema até este momento.
"Eu acredito que usar "waterboarding" era tortura", disse, usando o verbo no passado. "E eu acho que, seja qual tenha sido a justificativa legal utilizada, foi um erro." Governo, Congresso e opinião pública discutem se há a necessidade de se criar uma comissão independente para investigar excessos cometidos nos oito anos de Bush e o que fazer caso tenha havido rompimento da lei.
Obama citou o primeiro-ministro Winston Churchill (1874-1965) para dizer que a tentação de se usar "atalhos" em situação de extremo perigo para o país era grande, mas não usá-los era o que fazia de um país um bom exemplo.
"Na Segunda Guerra, quando Londres estava sendo bombardeada quase à destruição, [o país] tinha 200 e poucos detidos [nazistas]", disse Obama, citando artigo que havia lido. "E Churchill disse "nós não torturamos", quando todo o povo britânico estava sujeito a um risco e ameaça inimagináveis. Ele entendeu que, se se começa a tomar atalhos, com o tempo se corrói o melhor das pessoas."
Indagado sobre se temia que o arsenal nuclear do Paquistão caísse nas mãos do Taleban, diante das notícias de que o grupo radical se aproxima da capital daquele país, Obama disse que não, mas que cabia fortalecer o povo paquistanês.


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