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Questionado, Obama diz que fechar a fronteira com México não faria sentido
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O presidente Barack Obama
descartou ontem fechar neste
momento a fronteira com o
México como maneira de conter a proliferação da atual variação da gripe suína, que teve
seu primeiro caso registrado
naquele país. O democrata ouviu de técnicos de sua equipe
que a medida seria supérflua,
uma vez que já há casos de contaminação em solo americano.
"Seria como fechar a porteira
do celeiro depois de os cavalos
já terem escapado", comparou
ontem o presidente, em entrevista coletiva na Casa Branca
por ocasião dos 100 primeiros
dias de seu mandato.
O político abriu seu discurso
com um informe sobre a situação da pandemia e chegou a dar
conselhos à população, como
lavar a mão, cobrir a boca ao
tossir e evitar aviões e transportes públicos se houver suspeitas de contaminação. "Eu
sei que parecem trivial, mas são
importantes", disse.
Observado por assessores e
diante de uma centena de jornalistas do mundo inteiro,
Obama deu sua terceira entrevista coletiva desde que assumiu o governo, em janeiro, no
Salão Leste da Casa Branca.
Apesar de o discurso ter sido
aberto com a gripe suína e uma
mensagem de felicitações ao
Congresso por ter passado resolução do Orçamento proposto por Obama para o ano fiscal
de 2010, que começa em outubro, o presidente respondeu
mais questões sobre política
externa ou relacionados ao assunto do que sobre economia
ou mesmo sobre a doença.
Tortura
Indagado sobre se ele continuava considerando tortura a
prática de interrogatório chamada de "waterboarding", que
simula afogamento na vítima e
que foi utilizada na administração de George W. Bush, Obama
fez sua crítica mais dura e direta ao antecessor sobre o tema
até este momento.
"Eu acredito que usar "waterboarding" era tortura", disse,
usando o verbo no passado. "E
eu acho que, seja qual tenha sido a justificativa legal utilizada,
foi um erro." Governo, Congresso e opinião pública discutem se há a necessidade de se
criar uma comissão independente para investigar excessos
cometidos nos oito anos de
Bush e o que fazer caso tenha
havido rompimento da lei.
Obama citou o primeiro-ministro Winston Churchill
(1874-1965) para dizer que a
tentação de se usar "atalhos"
em situação de extremo perigo
para o país era grande, mas não
usá-los era o que fazia de um
país um bom exemplo.
"Na Segunda Guerra, quando
Londres estava sendo bombardeada quase à destruição, [o
país] tinha 200 e poucos detidos [nazistas]", disse Obama,
citando artigo que havia lido.
"E Churchill disse "nós não torturamos", quando todo o povo
britânico estava sujeito a um
risco e ameaça inimagináveis.
Ele entendeu que, se se começa
a tomar atalhos, com o tempo
se corrói o melhor das pessoas."
Indagado sobre se temia que
o arsenal nuclear do Paquistão
caísse nas mãos do Taleban,
diante das notícias de que o
grupo radical se aproxima da
capital daquele país, Obama
disse que não, mas que cabia
fortalecer o povo paquistanês.
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