São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002

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Alemanha acredita que Bin Laden esteja vivo e atuante

TONY CZUCZKA
DA ASSOCIATED PRESS, EM BERLIM

Funcionários do setor de segurança da Alemanha dizem que Osama bin Laden provavelmente ainda está vivo e que sua rede, a Al Qaeda, longe de estar esmagada, provavelmente continua capaz de realizar ataques terroristas.
As comunicações entre membros da rede terrorista internacional vêm se intensificando recentemente, e a maioria dos líderes da Al Qaeda continua em liberdade, apesar da guerra liderada pelos EUA no Afeganistão, disse Hans Beth, diretor da divisão de combate ao terrorismo e ao crime organizado do serviço de inteligência externa da Alemanha, o BND.
""Acreditamos que o próprio Bin Laden e vários de seus assessores continuam ativos, em condições de dar o impulso para outros ataques", disse Beth.
Ecoando avisos lançados recentemente pelos EUA, ele insistiu que atentados terroristas são possíveis a qualquer momento.
A Europa vem sendo foco de investigações desde os ataques de 11 de setembro. Vários dos sequestradores suicidas faziam parte de uma célula terrorista na Alemanha, e três outros suspeitos estão sendo procurados.
Autoridades alemãs disseram que a Al Qaeda está se reagrupando e recrutando novos militantes capazes de conduzir ataques.
O diretor da polícia federal alemã disse que a Al Qaeda possui vários milhares de membros em todo o mundo, incluindo um ""número considerável" na Alemanha. ""Acreditamos que eles estejam vivendo entre nós, sem ser notados, e que estejam preparados para participar de ataques de terror estrategicamente planejados, seguindo ordens de seus líderes", disse Manfred Klink.
Na semana passada, o governo alemão disse que estava investigando informações segundo as quais integrantes do Taleban e da Al Qaeda teriam sido infiltrados na Europa com a possível intenção de planejar novos atentados.
Citando uma carta a agentes da polícia e baseada em informações obtidas da Interpol, o jornal ""Frankfurter Allgemeine Zeitung" disse que esse integrantes teriam desaparecido no último dia 12 de março de um centro de refugiados próximo à fronteira austríaca, na Eslováquia, onde haviam registrado pedidos de asilo.
As autoridades alemãs também estão investigando a possibilidade de alguém em seu país estar ligado ao ataque feito a uma sinagoga na Tunísia, em abril, que pode ter sido obra da Al Qaeda.
No mês passado a polícia alemã prendeu nove suspeitos de pertencer a uma célula militante palestina, sob a acusação de planejar atentados contra alvos judaicos ou israelenses na Alemanha. Eles são acusados de fornecer documentos de viagem falsos, recolher donativos e ajudar a contrabandear combatentes islâmicos do Afeganistão à Alemanha.
Beth disse que não está claro quantos indivíduos ou grupos ligados à Al Qaeda estão ativos na Alemanha. Mas, afirmou, a polícia suspeita que a rede já tenha se adaptado à intensificação das medidas de segurança implementada após 11 de setembro, recrutando novos militantes e tornando-se menor, mais descentralizada e menos transparente -por exemplo, conduzindo mais transações financeiras sem deixar rastros.
As autoridades alemãs vinham rastreando alguns extremistas islâmicos, incluindo vários originários do norte da África, desde meados dos anos 90. Entre eles estão cinco argelinos que estão sendo julgados em Frankfurt, acusados de conspirar para explodir um mercado francês no Natal de 2000. Os promotores procuram provar que os cinco detidos pertenciam a uma célula que tinha vínculos com a Al Qaeda e Bin Laden, embora um suspeito tenha negado ligação com eles.
O serviço secreto holandês informou, em seu relatório anual, divulgado ontem, que a Al Qaeda está operando células no país. ""Dentro da comunidade muçulmana na Holanda existe um pequeno grupo de muçulmanos jovens dispostos a participar da luta islâmica armada", disse a agência.


Tradução de Clara Allain


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