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Hong Kong passa hoje de colônia
britânica a enclave capitalista chinês
China recupera controle do território
após 156 anos e envia 4.000 soldados
Acordo de 1984 prevê que o território
poderá manter capitalismo por 50 anos
Grupos pró-democracia de Hong Kong
desafiam governo chinês com protestos
Kong, idoso
passa diante
da bandeira
chinesa e
policial vigia
fórum
conduzido
pelo Partido
Democrático
JAIME SPITZCOVSKY
GILSON SCHWARTZ
enviados especiais a Hong Kong
Hong Kong, um dos principais
pólos do capitalismo asiático, vive
hoje o seu último dia como colônia
do Reino Unido. A partir da 0h de
amanhã, a China recupera o controle do território depois de 156
anos de domínio britânico, envia
para lá mais de 4.000 soldados e assiste à partida, no iate real Britannia, do príncipe Charles, o representante principal de Londres nas
cerimônias de troca da guarda.
O símbolo maior de uma maratona de cerimônias e festas é a troca de bandeiras no Centro de Convenções e Exposições de Hong
Kong. A bandeira britânica será
arriada pouco antes da meia-noite
(horário local, 13h de hoje em Brasília) e, nos primeiros segundos da
terça-feira, a bandeira chinesa será
hasteada diante de um público de
4.000 convidados, entre habitantes
de Hong Kong e representantes de
governos estrangeiros.
O governo britânico preparou
em Hong Kong uma megafesta de
despedida para sua última colônia
importante. Haverá desfile militar,
dança e show pirotécnico.
Pequim patrocina festas e cerimônias em Hong Kong, na capital
e outras cidades chinesas com o
slogan "o fim de mais de um século de vergonha", referindo-se ao
colonialismo. O nacionalismo embala comemorações do Partido
Comunista Chinês.
Em 1984, China e Reino Unido
assinaram o acordo para a devolução de Hong Kong, que ocorre sob
a fórmula "uma país, dois sistemas". O território poderá manter
por 50 anos seu sistema capitalista
e um alto grau de autonomia administrativa.
A China, no entanto, já anunciou
limites para a democracia de Hong
Kong. Vai proibir, por exemplo,
manifestações que exijam o fim do
regime comunista em Pequim e
dissolver o Conselho Legislativo,
eleito com as reformas democratizantes implementadas pelo governador colonial, Chris Patten.
Grupos pró-democracia de
Hong Kong prometem desafiar
hoje o governo chinês com protestos. O futuro governador do território, Tung Chee-hwa, disse que as
manifestações serão toleradas
"desde que sejam pacíficas".
A China quer impedir imagens
da polícia de Hong Kong reprimindo manifestantes, pois teme
repercussão negativa junto à comunidade internacional. Cerca de
8.000 jornalistas estão no território
para acompanhar a transição.
Os grupos pró-democracia enfrentam dificuldades para atrair
público. Foram definidos como
uma "minoria barulhenta" pelo
Lord MacLehose, que governou
Hong Kong entre 1971 e 1982.
Chris Patten atacou os que "dizem ao mundo que a população de
Hong Kong não liga para democracia e se preocupa apenas em fazer dinheiro".
Ele lembrou que a 4 de junho, 55
mil pessoas participaram de uma
homenagem aos mortos no massacre do movimento pró-democracia da praça Tiananmen, ocorrido há oito anos em Pequim.
A secretária de Estado dos EUA,
Madeleine Albright, criticou a decisão chinesa de enviar 4.000 soldados a Hong Kong às 6h de amanhã. "Não creio que seja a melhor
maneira de começar", disse.
A imagem das Forças Armadas
chinesas é associada, em Hong
Kong, ao massacre de Tiananmen.
Segundo a fórmula "um país, dois
sistemas", Pequim responde pela
defesa do território e diz que as
tropas são necessárias para cumprir essa função.
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