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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO
Hizbollah aceita acordo sob condições
Grupo mantém exigência de libertação de prisioneiros libaneses, que Israel rejeita; Olmert rechaça cessar-fogo temporário
Nasrallah ameaça ampliar alcance de ataques contra israelenses; Rice volta à região para negociações
em Jerusalém e Beirute
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BEIRUTE
DA REDAÇÃO
Representantes do Hizbollah
e membros do gabinete libanês
chegaram a um acordo em torno de uma proposta de cessar-fogo, mas as reservas expressadas pelo grupo xiita devem torná-lo pouco produtivo para terminar a escalada de violência
que já dura 18 dias. Israel rejeitou ontem um pedido da ONU
para declarar uma trégua de
três dias, destinada a permitir a
entrega de ajuda humanitária.
A proposta do governo libanês para pôr fim ao conflito,
aceita na sexta à noite em Beirute pelo Hizbollah, inclui a declaração de um cessar-fogo
imediato e a libertação prisioneiros libaneses em poder de
Israel em troca dos dois soldados seqüestrados pelo grupo
xiita no último dia 12, quando
começou a crise. O plano não
deve estancar a ofensiva, já que
Israel exige a libertação incondicional dos soldados para suspender os ataques.
O plano do governo libanês
também inclui o retorno dos
deslocados pela guerra a suas
casas, negociações entre Israel
e o Líbano sobre as disputadas
fazendas de Shebaa e o envio de
forças multinacionais no lado
libanês da fronteira.
Esse último item também foi
motivo de reserva do Hizbollah, que não aceita uma força
maciça de tropas internacionais na região, como pede Israel. O grupo xiita, embora não
admita abertamente desarmar-se, insinua que deixaria de operar no sul do Líbano ao admitir
a presença do Exército libanês
com as tropas internacionais.
Enquanto a diplomacia não
produz resultados, a violência
continua. Um ataque aéreo israelense matou ontem uma
mulher e cinco crianças na cidade de Nmeiriya, no sul do
país, segundo fontes médicas libanesas. Nove corpos foram
encontrados na estrada Maarub-Dardghia, perto da cidade
de Tiro, informou Salam Daher, da Defesa Civil libanesa. O
Exército israelense informou
que fez ontem 60 ataques aéreos contra alvos do Hizbollah.
Depois de foguetes do grupo
xiita terem atingido na sexta a
cidade israelense de Afula, o alvo mais ao sul até agora, o xeque Hassan Nasrallah, líder do
Hizbollah prometeu em um
pronunciamento na TV que novos alvos no centro de Israel serão atingidos. Até o fechamento desta edição, 39 foguetes do
Hizbollah tinha atingido ontem Israel, nas cidade de Acre,
Tiberíades, Nahariya e Tzfat.
Cinco pessoas ficaram feridas.
As tropas israelenses se retiraram ontem da cidade libanesa de Bint Jbeil, perto da fronteira entre os dois países, que
havia sido cercado no início da
semana. Foi em Bin Jbeil, localizada a quatro quilômetros da
fronteira, que Israel sofreu as
maiores baixas até agora nos
combates com o Hizbollah,
perdendo oito de seus soldados
na quarta-feira.
"Não há mais soldados em
Bint Jbeil, mas é possível que
eles voltem para ações pontuais", disse um porta-voz do
Exército israelense. Segundo
um oficial israelense ouvido
pela rádio Israel, a ofensiva em
Bint Jbeil foi planejada para
durar apenas três dias.
Sem cessar-fogo
O governo israelense rejeitou
ontem o pedido de cessar-fogo
temporário da ONU. "Não há
necessidade, porque Israel
abriu um corredor humanitário", disse o porta-voz Avi Pazner. Ele afirmou que o país não
está bloqueando a ajuda humanitária na região do conflito e
acusou o Hizbollah. "São eles
que deliberadamente estão
barrando a transferência de
ajuda médica e comida para
criar uma crise humanitária e
culpar Israel."
Agências humanitárias internacionais dizem que Israel não
garante uma passagem segura
para os civis das áreas atacadas.
Nos EUA, o presidente George W. Bush, voltou a afirmar,
em seu programa semanal de
rádio, que a ofensiva no Líbano
é "parte de uma luta mais ampla entre a liberdade e o terror"
e que, para acabar com a violência, é preciso acabar com a
"ameaça representada pelo
Hizbollah".
Para discutir o envio de uma
força multinacional à região, a
secretária de Estado dos EUA,
Condoleezza Rice, voltou ontem a Jerusalém, onde se encontraria com o primeiro-ministro Ehud Olmert.
O ministro de Relações Exteriores da Itália, Massimo D'Alema, vai a Israel com o mesmo
propósito. Rice pretende conversar, na seqüência, com o
premiê libanês, Fouad Siniora,
em Beirute.
Com agências internacionais
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