São Paulo, segunda-feira, 30 de julho de 2007

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Chávez põe militares para patrulhar Caracas

Para venezuelanos segurança é maior problema; presidente quer fazer de área petroleira "zona especial"

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Sob o aumento da sensação da insegurança no país, o governo Hugo Chávez anunciou anteontem o envio de 500 militares da Guarda Nacional para o Petare, uma das regiões mais violentas de Caracas.
O anúncio da operação militar foi feito anteontem pelo ministro do Interior (Justiça), Pedro Carreño, durante visita ao Petare que mobilizou 180 membros de diversas forças de segurança. Ali, encontrou-se com líderes comunitários para discutir a segurança pública da região, que concentra cerca de 600 mil pessoas, a maioria vivendo em condições precárias.
Na quarta-feira, um suposto enfrentamento entre gangues rivais dentro de uma padaria do Petare deixou quatro mortos -inclusive uma menina de dez anos- e oito feridos. O alvo do ataque, um jovem de 28 anos, foi assassinado com 35 tiros.
Durante o encontro, Carreño admitiu que "sim, temos um grande problema insegurança", contrariando seu tradicional discurso de que a violência vem diminuindo. Pesquisas de opinião, no entanto, mostram que os venezuelanos vêem a insegurança como principal problema do país, superando desde o ano passado o desemprego -levantamento recente do instituto Datanalisis mostrou que 48,3% põem a violência no topo de suas preocupações.
Carreño costuma culpar a imprensa oposicionista pela sensação de insegurança. Na semana passada, o ministro elogiou uma decisão judicial que proibiu dois jornais do país de publicarem fotos violentas.
Na Venezuela, a Guarda Nacional é uma das quatro Forças Armadas e tem como função "manter a ordem interna do país". Embora seja empregada regularmente em operações de segurança pública, é a primeira operação de larga escala neste ano na região de Caracas.

Reforma constitucional
Chávez afirmou ontem que a reforma constitucional incluirá uma proposta para converter a região petrolífera da faixa do Orinoco (centro-leste) em uma das muitas "zonas territoriais especiais" que planeja criar.
A nova unidade seria administrada por um dos vários vice-presidentes que Chávez quer nomear via reforma da Constituição, a qual deve ser apresentada formalmente à Assembléia Nacional nos próximos dias. Para serem aprovadas, as mudanças terão de passar por referendo popular.


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