São Paulo, sábado, 30 de julho de 2011

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ANÁLISE

Metas como as do Wal-Mart estão impedindo o acordo sobre a dívida

THOMAS FERGUSON
ESPECIAL PARA O "FINANCIAL TIMES"

Enquanto suspendemos a respiração, esperando para ver se a fixação republicana contra "novos impostos" mergulhará os EUA no calote, analistas falam dos bons tempos em que integrantes de partidos diferentes jogavam golfe juntos e conciliavam diferenças em nome do interesse nacional. Por que isso deixou de ser possível?
O fato é que um tsunami de dinheiro transformou o Congresso, varrendo para longe o velho sistema de senioridade na seleção das lideranças. Em seu lugar, os partidos aderiram a uma prática de redes varejistas como o Wal-Mart.
Num caso único no mundo desenvolvido, os partidos representados no Congresso dos EUA cobram pelas posições-chave no processo legislativo. Nas campanhas democrata e republicana, os políticos seniores que ocupavam assentos nos comitês tinham de levantar mais dinheiro.
Em lugar de proteger o Congresso contra pelo menos algumas forças externas, os cargos de liderança e em comitês refletem a forma do dinheiro político. Investidores e grupos de interesse se tornam decisivos nas lutas pela liderança no interior das siglas. E o sistema centraliza poder nas mãos dos líderes.
As campanhas se baseiam fortemente na repetição de slogans que agradam a investidores e grupos de interesse dos quais os líderes dependem para seus recursos, e esses líderes pressionam por questões sem chance de aprovação só para ganhar aplausos e dinheiro de apoiadores.
O Congresso de nossa nova era dourada está longe de ser o melhor que o dinheiro poderia comprar; é bem possível que seja o pior.

THOMAS FERGUSON é professor de ciência política na Universidade de Massachusetts.

Tradução de CLARA ALLAIN


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