São Paulo, quinta, 30 de julho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESCÂNDALO NA CASA BRANCA
Ex-estagiária vai contar ao júri que ela e o presidente tinham um acordo para os dois mentirem
Clinton depõe no dia 17 no caso Lewinsky

Associated Press
O presidente dos EUA, Bill Clinton, faz discurso em congresso sobre educação realizado em Washington


CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
em Vermont

O presidente dos EUA, Bill Clinton, prestará depoimento ao júri de inquérito que investiga o caso Monica Lewinsky no dia 17 de agosto, em vídeo, anunciou ontem seu advogado, David Kendall.
Monica Lewinsky vai contar ao júri que ela e Bill Clinton tinham um acordo para os dois mentirem a respeito do caso sexual que ela alega ter tido com ele.
Detalhes dos termos do acordo firmado entre Lewinsky e o promotor independente Kenneth Starr emergiram ontem nos principais meios de comunicação dos EUA. Como sempre nesses casos, provenientes de fontes anônimas.
O porta-voz de Clinton, Mike McCurry, se escorou no argumento de que ninguém sabe o que Lewinsky dirá em juízo, para se esquivar de perguntas em sua entrevista diária na Casa Branca, sede do governo dos EUA.
O presidente não falou em público sobre o caso desde que o acordo entre Lewinsky e Starr foi anunciado, anteontem. McCurry disse apenas que Clinton está "satisfeito porque as coisas estão dando certo" para Lewinsky.
Lewinsky, 25, ganhou imunidade absoluta em troca de seu depoimento ao júri de inquérito, no qual dirá ter mantido relação sexual com Clinton por 18 meses a partir de 1995, quando tinha 21 anos e era estagiária na Casa Branca.
Starr, que há quatro anos investiga diversas acusações contra Bill e Hillary Clinton, espera provar com o depoimento de Lewinsky que o presidente e/ou pessoas em nome dele oferecem empregos e vantagens em troca de testemunhos favoráveis ao casal.
Entre os beneficiários desse esquema, afirma Starr, estão o ex-subsecretário de Justiça Webster Hubbell e Susan McDougal, ex-sócia do casal Clinton.
Segundo relatos a respeito do conteúdo do depoimento de Lewinsky, ela não irá acusar Clinton de ter pedido para ela mentir ou oferecido algo em troca de mentiras.
Por outro lado, Lewinsky dirá que o presidente a encorajou a aceitar um emprego em Nova York para o qual um amigo dele, Vernon Jordan, a indicara.
Ela também testemunhará que Clinton lhe disse que, se os dois negassem o caso amoroso entre eles, ninguém poderia contestá-los.
Mesmo argumento
Esse argumento é exatamente o mesmo que Gennifer Flowers disse ter ouvido de Clinton em 1992, quando ele era candidato à Presidência.
Clinton negou por seis anos ter tido um caso com Flowers até admiti-lo em juízo em janeiro passado, durante o processo que Paula Jones mantinha contra ele por assédio sexual.
Lewinsky diz ter discutido com Clinton ou seus assessores legais como reagir à intimação para depor que ela havia recebido da juíza do caso Paulo Jones.
Com esse testemunho e outros, Starr quer provar que Clinton cometeu crimes de falso testemunho.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.