São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 2000


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Abu Sayyaf vira um ótimo negócio

RICHARD LLOYD PARRY
DO "THE INDEPENDENT"

Até quatro meses atrás, quase ninguém sabia da existência do grupo de mercenários e estudantes islâmicos Abu Sayyaf.
Os filipinos o conheciam como uma pequena e brutal facção de outro grupo guerrilheiro, a Frente Moro de Libertação Islâmica, que luta pela criação de um Estado islâmico no sul do país.
O Abu Sayyaf não representava preocupação para o Ocidente, pois agia apenas em pequenas ilhas do sul das Filipinas. Porém o resgate que teria sido pago pela libertação dos seis reféns ocidentais -estimado em US$ 17 milhões- o coloca entre os mais importantes grupos terroristas islâmicos do mundo.
O Abu Sayyaf emergiu de duas grandes causas islâmicas dos últimos tempos: a guerra no Afeganistão e as lutas independentistas do sul das Filipinas.
Foi fundado em 1991 por Abdurajak Abubakar Janjalani, um filho de pescador da ilha de Basilan, que estudou na Arábia Saudita e viveu no Paquistão nos anos 80, quando lutou ao lado dos mujahidin -guerrilheiros islâmicos tradicionalistas- contra a ocupação soviética do Afeganistão.
À época, conheceu Osama bin Laden, o fugitivo saudita que é procurado pelos EUA. O cunhado de Bin Laden, Mohammad Jamal Khalifa, forneceu-lhe dinheiro para fundar o Abu Sayyaf.

Sucesso
Quando foi estabelecido, o grupo contava com apenas 30 membros. Passou a ser conhecido nas Filipinas quando, em 1991, cometeu um atentado a bomba que matou duas pessoas. Em 1996, já era composto por 350 guerrilheiros, mas esse número caiu depois que Janjalani foi morto pela polícia filipina em 1998.
O Abu Sayyaf sempre utilizou sequestros e assaltos a banco para se financiar, mas jamais tinha obtido tanto sucesso como o que ocorreu nesta semana.
Primeiro, suas exigências eram políticas, mas logo os guerrilheiros perceberam que seria mais fácil conseguir o dinheiro do resgate do que a libertação de terroristas, que estão presos nos EUA.
Com a soma obtida, o grupo já estaria comprando armas, de acordo com o general filipino Ângelo Reyes. Ainda mais significativa, porém, é a oferta de US$ 1.100 para cada novo recruta. Cerca de 2.500 pessoas já responderam positivamente -o Abu Sayyaf tornou-se um ótimo negócio.


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