São Paulo, segunda-feira, 30 de agosto de 2010

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ANÁLISE

Evo defende ampliação da função de militares na Bolívia

NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Foram 189 golpes de Estado na Bolívia desde a independência há 185 anos, média de mais de um por ano.
Em razão destes antecedentes, adquiriu significado especial a decisão do presidente Evo Morales de aproveitar as festas da independência para expressar o que pensa a respeito do papel dos militares num Estado agora "plurinacional".
A nova Constituição boliviana confere status de nacionalidade à população indígena. A primeira tarefa dos militares, segundo Morales, é a de preservar a integridade nacional num quadro de diversidade.
A decisão de Morales foi motivada por manifestações de desafios ao governo central que partiram, sobretudo, dos "brancos" de Santa Cruz de la Sierra e de seu peso econômico. Mas estão em pauta, segundo a "Latin News", outros quesitos.
O "establishment" militar boliviano, além de também ficar com a tarefa de manter a ordem pública, deve incorporar aos seus manuais itens sociais e econômicos e de combate ao tráfico de drogas e ao contrabando.
Isto nos toca. O ministro antidrogas da Bolívia, Felipe Cáceres, admitiu que os traficantes bolivianos talvez já tenham "conexões internacionais" com o brasileiro Comando Central da Capital, por exemplo. A Bolívia adotaria a "militarização" do combate às drogas.
Quanto ao contrabando, é possível que já represente 55% da economia nacional e o governo boliviano admite que ele deve gerar por volta de US$ 1,5 billhão por ano. Boa parte envolveria o Brasil.
Tarefa econômica seria a de proteger os recursos naturais do país. Militares bolivianos já distribuem o "Juancito Pinto", bônus a crianças.
A oposição a Morales não vê com bons olhos o treinamento militar de civis para que fiquem em condições de "defender a integridade nacional". Medo de que se termine adotando o modelo das "milícias camponesas" de Hugo Chávez.


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