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ANÁLISE
Evo defende ampliação da função de militares na Bolívia
NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
Foram 189 golpes de Estado na Bolívia desde a independência há 185 anos, média de mais de um por ano.
Em razão destes antecedentes, adquiriu significado
especial a decisão do presidente Evo Morales de aproveitar as festas da independência para expressar o que
pensa a respeito do papel dos
militares num Estado agora
"plurinacional".
A nova Constituição boliviana confere status de nacionalidade à população indígena. A primeira tarefa dos
militares, segundo Morales,
é a de preservar a integridade
nacional num quadro de diversidade.
A decisão de Morales foi
motivada por manifestações
de desafios ao governo central que partiram, sobretudo,
dos "brancos" de Santa Cruz
de la Sierra e de seu peso econômico. Mas estão em pauta,
segundo a "Latin News", outros quesitos.
O "establishment" militar
boliviano, além de também
ficar com a tarefa de manter a
ordem pública, deve incorporar aos seus manuais itens
sociais e econômicos e de
combate ao tráfico de drogas
e ao contrabando.
Isto nos toca. O ministro
antidrogas da Bolívia, Felipe
Cáceres, admitiu que os traficantes bolivianos talvez já tenham "conexões internacionais" com o brasileiro Comando Central da Capital,
por exemplo. A Bolívia adotaria a "militarização" do
combate às drogas.
Quanto ao contrabando, é
possível que já represente
55% da economia nacional e
o governo boliviano admite
que ele deve gerar por volta
de US$ 1,5 billhão por ano.
Boa parte envolveria o Brasil.
Tarefa econômica seria a
de proteger os recursos naturais do país. Militares bolivianos já distribuem o "Juancito
Pinto", bônus a crianças.
A oposição a Morales não
vê com bons olhos o treinamento militar de civis para
que fiquem em condições de
"defender a integridade nacional". Medo de que se termine adotando o modelo das
"milícias camponesas" de
Hugo Chávez.
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