|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TENTATIVA DIPLOMÁTICA
Chanceler iraquiano se reúne com Khatami em Teerã; presidente iraniano diz que apóia ação da ONU
Iraque busca apoio no Irã contra guerra
DA REDAÇÃO
O Iraque recorreu ontem ao Irã
para buscar apoio contra uma
possível ofensiva dos EUA contra
o regime do ditador Saddam Hussein. O ministro das Relações Exteriores iraquiano, Naji Sabri, reuniu-se com o presidente iraniano,
Mohamad Khatami, em Teerã
(capital do Irã).
A missão do chanceler do Iraque visava convencer o Irã de que
os EUA "não são uma ameaça
apenas a Saddam mas a todo o
mundo islâmico", conforme declaração de Sabri.
O Irã e o Iraque se enfrentaram
em uma guerra que durou quase
toda a década de 80, deixando
mais de 1 milhão de mortos.
O Irã, porém, também tem relações tensas com os EUA, que colocaram o país no "eixo do mal",
ao lado do próprio Iraque e da
Coréia do Norte.
Sabri cumprimentou Khatami
com um beijo, de acordo com o
costume regional, quando os dois
se encontraram. "Como está Saddam?", perguntou o presidente
iraniano. "Bem, obrigado", respondeu Sabri enquanto os dois
sorriam para os jornalistas antes
de se reunirem a portas fechadas.
Após o encontro, no entanto, os
fotógrafos foram barrados para
que não fosse mostrada a fisionomia dos dois. No final, eles não
deram entrevistas para jornalistas
estrangeiros.
A agência de notícias oficial do
Irã, Irna, divulgou a seguinte declaração de Khatami: "A República Islâmica do Irã é a favor de uma
região onde não haja armas de
destruição em massa".
O presidente iraniano também
afirmou que o Iraque deve respeitar as resoluções da ONU e cooperar com o trabalho dos inspetores
de armas.
Recentemente, o vice-presidente do Irã, Mohamad Ali Abtahi,
disse que o governo iraniano prefere qualquer governante no Iraque a Saddam.
Khatami também fez críticas
aos EUA porque o país não aplica
as mesmas regras para Israel. "Israel possui as mais perigosas armas nucleares, e o regime ainda
assim é apoiado pelos americanos", afirmou Khatami, fazendo
referência à suposta capacidade
nuclear israelense.
O principal temor do Irã em relação a uma ofensiva americana é
a possibilidade de ter forças militares americanas em duas de suas
fronteiras. A leste, os americanos
estão no Afeganistão. E, caso o regime de Saddam seja substituído,
militares dos EUA poderiam ficar
estacionados no país durante o
período de transição.
A visita do chanceler iraquiano
a Teerã termina no mesmo dia em
que se inicia a visita do ministro
da Defesa do Kuait, Jaber al Hamad al Sabah. Mas não há possibilidade de encontro das autoridades dos dois países, que não
mantêm relações desde a invasão
iraquiana ao Kuait, em 1990.
Os EUA tentam aprovar uma
nova resolução na ONU que
ameace o Iraque com retaliação
militar caso haja obstáculos ao
trabalho dos inspetores de armas.
Inspetores
O chefe dos inspetores da ONU,
Hans Blix, e o diretor da Agência
Internacional de Energia Atômica, Jacques Boute, iniciarão hoje
conversações com autoridades
iraquianas em Viena (Áustria)
para negociar o retorno dos inspetores ao Iraque.
Três congressistas americanos
do Partido Democrata que estão
em Bagdá afirmaram que a situação no Iraque é "terrível" devido
às sanções impostas pela ONU. E
acrescentaram que o cenário pode se agravar ainda mais caso os
americanos optem por atacar o
país para derrubar Saddam.
Ontem os EUA voltaram a
bombardear o aeroporto de Basra, a 210 km de Bagdá, destruindo
um radar, segundo autoridades
iraquianas. Ninguém se feriu. Em
Washington, cerca de 2.000 pessoas protestaram contra um possível ataque ao Iraque.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Balças: Eleição sérvia tem sombra xenófoba Próximo Texto: Panorâmica: Bomba explode em igreja e cristãos pedem proteção Índice
|