UOL


São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 2003

Próximo Texto | Índice

IRAQUE OCUPADO

Agência do Pentágono conclui que EUA pagaram US$ 1 milhão por dados com "pouco ou nenhum valor"

Informações de dissidentes eram inúteis

DA REDAÇÃO

As informações sobre o regime de Saddam Hussein fornecidas a Washington pelo então opositor iraquiano Ahmed Chalabi antes da Guerra do Iraque tinham pouco ou nenhum valor, segundo a Agência de Inteligência para a Defesa dos EUA, um braço do Pentágono. Washington pagou cerca de US$ 1 milhão para obtê-las.
Em reportagem publicada na edição de ontem, o jornal "The New York Times" cita membros do governo americano que teriam sido informados sobre o conteúdo do documento. Segundo eles, os dissidentes iraquianos apresentados a agentes dos EUA por Chalabi e seu Congresso Nacional Iraquiano -instituição que congrega iraquianos exilados- inventaram ou exageraram seu conhecimento do suposto programa de armas de destruição em massa mantido por Saddam.
As declarações de Chalabi, que passou quase toda a vida fora do Iraque, e de seus correligionários também foram amplamente divulgadas pela imprensa dos EUA.
Uma avaliação feita pela agência, no entanto, concluiu que menos de um terço das informações fornecidas pelo grupo era "potencialmente útil".
Questionado sobre a avaliação, Chalabi disse que sua organização apresentou "apenas três dissidentes" e que as informações de dois deles tinham credibilidade.
A credibilidade do Congresso Nacional Iraquiano causou atrito entre o Pentágono, a CIA e o Departamento de Estado no período que precedeu a Guerra do Iraque. Enquanto o primeiro usava informações fornecidas pelo grupo corriqueiramente, os outros dois defendiam mais cautela.

Credibilidade à prova
O relatório da agência do Pentágono se soma a uma série de avaliações e documentos oficiais americanos -que surgiram na imprensa nesta semana, mas ainda não foram oficialmente anunciados- sobre a acuidade das provas e informações que serviram de base para Washington formular suas acusações contra Bagdá.
No domingo, o "Washington Post" divulgou trechos de um documento da comissão de inteligência do Congresso no qual se afirma que houve "falta de conexão entre as declarações do governo e a inteligência em que se baseiam". Antes, a imprensa citara um relatório de David Kay, assessor da CIA e consultor do Grupo de Pesquisa do Iraque, no qual o especialista diz não ser possível tirar "nenhuma conclusão consistente" sobre a existência de armas de destruição em massa no país.

Resolução da ONU
Em Bruxelas, chanceleres da União Européia reiteraram o pedido para a rápida instalação de um governo soberano e representativo no Iraque. No domingo, o chanceler francês, Dominique de Villepin, dissera que um cronograma para a transição iraquiana deveria ser fixado rapidamente.
Os EUA devem apresentar nos próximos dias a proposta de uma nova resolução sobre o país, que o secretário de Estado, Colin Powell, havia anunciado para hoje.
O documento deve ampliar a participação da ONU na política iraquiana, embora o organismo tenha reduzido a equipe no país.

Espiã
Os atritos dentro do governo ganharam um novo elemento quando a CIA acusou a Casa Branca de vazar o nome de uma de suas agentes secretas, Valerie Plame, em retaliação a críticas feitas pelo marido dela, Joe Wilson.
Wilson, um ex-embaixador que esteve no Níger investigando a suposta compra de urânio pelo Iraque -que se provou falsa- havia acusado a Casa Branca de omitir informações sobre o caso.


Com agências internacionais

Próximo Texto: Para a maioria dos britânicos, Blair mentiu
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.