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Ucrânia revisita disputa em eleição
Concorrem mais uma vez, em cenário diferente, personagens-chave da Revolução Laranja de 2004
Urnas abrem hoje no país em voto para Parlamento; vencedor pode mudar laços com União Européia e até Rússia, que busca influência
LETÍCIA FONSECA SOURANDER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BRUXELAS
Três anos depois da Revolução Laranja, a Ucrânia está
mergulhada em uma profunda
crise governamental. A revolução, na verdade, foi só a primeira rodada de uma luta entre
Viktor Yushchenko, oposição
na época e agora presidente, e
seu rival Viktor Yanukovich,
herdeiro do poder que foi destituído, mas subiu de novo e hoje
é primeiro-ministro.
Este domingo marca um novo capítulo da disputa, na forma de eleições parlamentares.
Elas podem abrir caminho para
um terceiro nome: Yulia
Tymoshenko. Se ela vencer, um
novo ciclo de relações com a
União Européia pode começar.
O cenário hoje é diferente do
da Revolução Laranja, apesar
dos atores serem os mesmos.
Três personagens, movidos pela ambição pessoal, disputam o
poder. O presidente Yushchenko (Partido Nossa Ucrânia),
ainda com traços no rosto de
um suposto envenenamento, a
incendiária e carismática
Tymoshenko (Bloco Yulia
Tymoshenko, BYT), ex-aliada
de Yushchenko, e Viktor Yanukovich (Partido das Regiões),
que fez o papel de vilão para o
Ocidente durante a Revolução
Laranja e já foi delinqüente.
Em 2004, ele saiu vitorioso
de uma eleição fraudulenta. Os
protestos cobriram o país de laranja -a cor usada então na
campanha de Yushchenko.
Apesar do inverno rigoroso,
milhares de manifestantes
acamparam na Praça da Independência, em Kiev. A Suprema Corte anulou os resultados
e Viktor Yushchenko venceu na
reedição do segundo turno.
Agora, nas ruas de Kiev, o povo ucraniano está profundamente desiludido, mas a taxa de
participação do eleitorado deve
ser alta. Houve melhora: há
maior liberdade de imprensa,
progresso nos direitos humanos e crescimento econômico.
Em abril passado, Yushchenko dissolveu o Parlamento e
convocou novas eleições. Apesar da conquista da maioria dos
votos, os partidos políticos que
fizeram a Revolução Laranja
fracassaram em formar um governo. O presidente ucraniano
tem hoje poderes limitados,
mas não insignificantes.
Yushchenko e Tymoshenko
anteciparam a formação de
uma "coalizão democrática".
Segundo as últimas pesquisas
de opinião, o Regiões da Ucrânia, de Yanukovich, está em
primeiro, com mais 30% das intenções de voto. O BYT surge
em segunda posição (20%), enquanto o Nossa Ucrânia, de
Yushchenko, está em terceiro,
com pouco mais de 15%.
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