São Paulo, domingo, 30 de setembro de 2007

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Ucrânia revisita disputa em eleição

Concorrem mais uma vez, em cenário diferente, personagens-chave da Revolução Laranja de 2004

Urnas abrem hoje no país em voto para Parlamento; vencedor pode mudar laços com União Européia e até Rússia, que busca influência

LETÍCIA FONSECA SOURANDER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BRUXELAS

Três anos depois da Revolução Laranja, a Ucrânia está mergulhada em uma profunda crise governamental. A revolução, na verdade, foi só a primeira rodada de uma luta entre Viktor Yushchenko, oposição na época e agora presidente, e seu rival Viktor Yanukovich, herdeiro do poder que foi destituído, mas subiu de novo e hoje é primeiro-ministro.
Este domingo marca um novo capítulo da disputa, na forma de eleições parlamentares. Elas podem abrir caminho para um terceiro nome: Yulia Tymoshenko. Se ela vencer, um novo ciclo de relações com a União Européia pode começar.
O cenário hoje é diferente do da Revolução Laranja, apesar dos atores serem os mesmos. Três personagens, movidos pela ambição pessoal, disputam o poder. O presidente Yushchenko (Partido Nossa Ucrânia), ainda com traços no rosto de um suposto envenenamento, a incendiária e carismática Tymoshenko (Bloco Yulia Tymoshenko, BYT), ex-aliada de Yushchenko, e Viktor Yanukovich (Partido das Regiões), que fez o papel de vilão para o Ocidente durante a Revolução Laranja e já foi delinqüente.
Em 2004, ele saiu vitorioso de uma eleição fraudulenta. Os protestos cobriram o país de laranja -a cor usada então na campanha de Yushchenko. Apesar do inverno rigoroso, milhares de manifestantes acamparam na Praça da Independência, em Kiev. A Suprema Corte anulou os resultados e Viktor Yushchenko venceu na reedição do segundo turno.
Agora, nas ruas de Kiev, o povo ucraniano está profundamente desiludido, mas a taxa de participação do eleitorado deve ser alta. Houve melhora: há maior liberdade de imprensa, progresso nos direitos humanos e crescimento econômico.
Em abril passado, Yushchenko dissolveu o Parlamento e convocou novas eleições. Apesar da conquista da maioria dos votos, os partidos políticos que fizeram a Revolução Laranja fracassaram em formar um governo. O presidente ucraniano tem hoje poderes limitados, mas não insignificantes.
Yushchenko e Tymoshenko anteciparam a formação de uma "coalizão democrática". Segundo as últimas pesquisas de opinião, o Regiões da Ucrânia, de Yanukovich, está em primeiro, com mais 30% das intenções de voto. O BYT surge em segunda posição (20%), enquanto o Nossa Ucrânia, de Yushchenko, está em terceiro, com pouco mais de 15%.

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