São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 2002

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EUROPA

Chanceler pede sacrifícios aos alemães e enfurece conservadores com mais impostos; sindicatos apóiam reforma moderada

Para Schröder, governo não resolve tudo

DA REDAÇÃO

O chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, de centro-esquerda, foi ao Parlamento anunciar os seus planos de reforma e discursou reconhecendo que o governo sozinho não resolveria os problemas do país.
Parafraseando uma declaração do presidente americano John Kennedy, o chanceler pediu que os alemães parassem de perguntar o que o governo poderia fazer por eles e começassem a se perguntar o que eles poderiam fazer pelo país. "Temos de parar de nos perguntar o que foi que deu errado e passar a nos perguntar o que podemos fazer para que as coisas funcionem."
Schröder anunciou mais impostos, cortes nos benefícios sociais e liberalização nas regras trabalhistas, que serão as linhas mestras de seus próximos quatro anos de governo. "As pessoas na Alemanha sabem que estamos passando por tempos difíceis", disse.
Foi seu maior discurso ao Parlamento desde que a coalizão de governo entre social-democratas e Verdes ganhou as eleições legislativas pouco mais de um mês atrás.
A oposição conservadora criticou a falta reformas mais profundas nas leis trabalhistas e atacou os aumentos de impostos.
"É indecente o que o senhor está fazendo", disse Angela Merkel, líder da CDU (União Democrata Cristã, principal partido conservador). Ela ironizou o governo dizendo que "raramente uma renovação se apresenta tão velha".
Schröder havia feito promessas durante a campanha de que não aumentaria os impostos, o que agora provoca acusações da oposição de que ele teria enganado os eleitores. O chanceler afirma que está apenas fechando brechas na legislação e cortando isenções.
"Nossas empresas e nossos cidadãos estão sendo espremidos como um limão", disse o deputado conservador Friedrich Merz.
Os maiores grupos industriais do país acusam o governo de fracassar no intento de diminuir os custos trabalhistas e de facilitar a demissão de empregados.
Os maiores sindicatos da Alemanha, por seu lado, deram as boas-vindas aos planos de Schröder dizendo que o chanceler se mostrou "comprometido com uma sociedade mais justa".
A Alemanha admitiu que a economia está beirando a estagnação, o que poderia empurrar o déficit público para acima de 3% do PIB -teto definido pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento da União Européia.
"Temos de deixar claro que o pacto em si não está em discussão. O que precisamos é de uma maior flexibilidade que nos permita tomar medidas em tempos de dificuldades econômicas", disse Schröder. Estima-se que a economia do país deva aumentar 0,4% em 2002 e 1,4% em 2003.

Visita aos EUA
O ministro das Relações Exteriores alemão, Joschka Fischer, iniciou ontem uma visita aos EUA, na primeira grande ofensiva diplomática para reaproximar Washington e Berlim. Fischer iria se encontrar com o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell.
Schröder criticou, durante sua campanha eleitoral, a política americana em relação ao Iraque. Ontem, o chanceler repetiu que a Alemanha não participaria diretamente de um ataque a Bagdá.


Com agências internacionais



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