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GUERRA À VISTA
Embora reconheça divergências, americano espera que resolução sobre o Iraque seja aprovada por "ampla margem"
Powell prevê acordo com a ONU, mas pede pressa
PATRICK JARREAU
DO "LE MONDE"
O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, disse a
jornais europeus que os membros
do Conselho de Segurança da
ONU estão "razoavelmente de
acordo" sobre o regime de inspeções de armas no Iraque e que
aqueles que queriam um debate
no CS antes de uma eventual passagem à ação "ficarão satisfeitos".
Ele afirmou que não há "prazo
específico" para os EUA chegarem a uma decisão sobre o Iraque,
mas que é preciso "concluir esse
debate no futuro próximo".
Leia, a seguir, a entrevista que
Powell deu anteontem ao "Financial Times", de Londres, ao "Handelsblatt", de Dusseldorf, ao "Le
Monde", de Paris e ao "El País",
de Madri, além de à agência de
notícias russa Itar-Tass.
Pergunta - Dentro de que prazo o
sr. quer chegar a uma decisão sobre o Iraque?
Colin Powell - Não tenho prazo
específico. Está claro que precisamos concluir esse debate no futuro próximo. Já reduzimos nossas
divergências consideravelmente,
mas ainda existem algumas. Trabalhamos duro para ver se elas
podem ser resolvidas. Acho que
poderemos ter uma resolução
aprovada por ampla margem. Se
essas diferenças não puderem ser
superadas, teremos dificuldade.
Ainda não estou em condições de
anunciar o sucesso ou fracasso.
Os EUA acham que, para resolver esse assunto, o melhor seria
chegar a uma resolução que conte
com forte apoio do CS. Esse seria
melhor sinal possível para indicar
ao Iraque que é chegada a hora de
cooperar. Mas essa resolução precisa ser clara com relação às violações iraquianas. Ela deve exigir
um regime de inspeções intransigente, que não permita que Saddam Hussein continue a enganar.
Acho que o CS está fortemente
convencido disso. E deve ser uma
resolução que, de uma forma ou
de outra, especifique consequências se o Iraque voltar a descumprir suas obrigações. É aqui que se
situam os pontos de discórdia.
Pergunta - O sr. disse, no sábado,
que as duas questões ainda em discussão eram a caracterização das
violações que o Iraque poderia cometer em relação à nova resolução
e as consequências que teria de enfrentar. A situação ainda é essa?
Powell - Sim, é nesse ponto que a
discussão patina. Quando começamos a discutir, todos achavam
que o maior problema seria o do
regime de inspeções duro. Nós
ouvimos e adaptamos nossa posição; os outros adaptaram as deles
e aceitaram idéias nossas. Na segunda-feira, o CS ouviu [o chefe
dos inspetores de armas da ONU,
Hans] Blix, e [o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed] El Baradei. Estamos razoavelmente de acordo
sobre como deve ser o regime de
inspeções na nova resolução.
Pergunta - A principal preocupação de países como a França é o pedido dos EUA de incluir na resolução uma fórmula que parece autorizar de antemão o recurso à força.
Por que os EUA se opõem tão fortemente a uma segunda resolução?
Powell - A violação das resoluções do CS foi flagrante, evidente,
inquestionável. Ninguém a contesta. Acreditamos que, se voltássemos a enviar os inspetores, os
iraquianos só cooperariam com
eles se soubessem que enfrentariam consequências sérias se não
o fizessem. É por essa razão que
nossa primeira proposta de resolução mencionava o recurso a "todos os meios necessários". Muitos
de nossos amigos disseram que
isso, para eles, era ir longe demais,
e que eles queriam uma pausa que
permitisse ao CS estudar se o recurso a "todos os meios necessários" não deveria figurar em outra
resolução. Assim, tivemos uma
discussão sobre as duas resoluções. Ouvimos atentamente. Desejávamos superar essa divergência e a superamos. Adotamos
uma fórmula diferente, segundo a
qual Blix e El Baradei devem reportar-se ao CS se forem impedidos de fazer seu trabalho, o que
representaria uma nova violação.
O CS examinará a situação e estudará a necessidade de uma implementação total de suas decisões.
Assim, todos aqueles que queriam que um debate fosse possível
antes que o Conselho partisse para a ação ficarão satisfeitos.
Tradução de Clara Allain
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