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Ataques estão cada vez mais sofisticados
SÉRGIO DÁVILA
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois dos ataques dos últimos
dias em Bagdá representam uma
mudança tática na guerrilha de
resistência iraquiana, que teria o
grosso de seu "exército" formado
por voluntários de outros países,
principalmente sírios, egípcios e
sauditas.
Franco-atiradores, homens-bomba em postos de controle e
suicidas em geral começam a dividir a cena com armamentos na
medida do possível mais sofisticados, como granadas-foguetes e
bombas de detonação tardia, todos com uma característica mesma: o sujeito da ação não morre
no ataque.
Foi o caso dos dois soldados
mortos ontem de madrugada, cujo veículo militar detonou uma
mina, e do ataque ao hotel Rashid
por mísseis de fabricação caseira
aparentemente controlados à distância, no domingo, durante estada no local de Paul Wolfowitz,
subsecretário da Defesa dos EUA
e um dos principais arquitetos da
guerra.
Esses ataques marcam também
uma fase mais ousada dos guerrilheiros. Tanto o hotel Rashid, base
dos EUA na capital, quanto algumas das ações isoladas tiveram lugar na chamada "zona verde",
que antes da queda do regime de
Saddam Hussein era chamada de
"presidencial".
Naquela época, o iraquiano comum tinha acesso restrito às largas avenidas que cortavam as edificações suntuosas do ex-ditador.
Um carro que parasse por ali, por
exemplo, seria no mínimo guinchado, mas poderia até virar alvo
de disparos das inúmeras guaritas
postadas em cada esquina.
Desde 8 de abril, data da queda
de Bagdá, o comando norte-americano simplesmente proibiu o
acesso da população à "zona verde". Só entram basicamente pessoal militar, jornalistas com credencial expedida pelo Pentágono
e prestadores de serviços devidamente cadastrados.
Traição
Ou seja, os ataques recentes
contaram com a traição do pessoal que serve os norte-americanos na cidade. Só isso explicaria o
fato de o caminhão de mísseis disparados contra o hotel no domingo estar estacionado no parque
que abriga o zoológico local, também fechado ao público.
O comandante militar dos EUA
no Iraque sabe disso. O general
Ricardo Sanchez havia dito na semana passada que os ataques da
guerrilha pareciam estar ficando
cada vez mais sofisticados tecnicamente e com seus alvos mais
precisos. Afirmou temer que o
Ramadã, mais importante mês do
calendário muçulmano, só piorasse o clima.
Pois o Ramadã começou domingo. E só termina em 26 de novembro.
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