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ANÁLISE
Especialistas vêem Al Qaeda por trás de onda de atentados suicidas
LUCIANA COELHO
DA REDAÇÃO
Especialistas acreditam que a Al
Qaeda -ou organizações terroristas que operam como a rede
responsável pelo 11 de Setembro- seria a maior responsável
pela recente onda de ataques suicidas até então inédita no Iraque.
Mas a resistência iraquiana não se
reduz à rede nem a simpatizantes
do ex-ditador Saddam Hussein.
"Esses atentados suicidas são
coisa da Al Qaeda ou de redes semelhantes, pois eles, sim, se dispõem a morrer", disse à Folha o
professor Amatzia Baram, especialista em terrorismo da Universidade de Haifa (Israel). "Os aliados de Saddam não gostam de se
matar. Eles querem curtir a vida."
O professor e seu colega Daniel
Byman, do Instituto Brookings
(Washington), apontam uma série de componentes distintos na
resistência iraquiana. Como descreve o presidente americano,
George W. Bush, eles citam forças
leais a Saddam e estrangeiros.
Mas vêem subdivisões muito
mais complexas nos dois grupos.
Baram citou dois tipos diferenciados de resistência. Uma está no
Triângulo Sunita, região a noroeste de Bagdá onde há um surto de
ataques contra soldados dos EUA
e iraquianos vistos como aliados
das forças de ocupação. A outra
age em Bagdá e atinge indiscriminadamente soldados dos EUA,
organismos internacionais e civis
iraquianos.
No primeiro caso, os principais
atores seriam as forças leais ao ex-ditador. "Eles têm dinheiro, armas, são treinados e querem voltar ao poder. E acreditam que se
matarem soldados suficientes os
EUA vão sair do país", disse Baram. Ele também cita como força
atuante na região sunitas de inclinação religiosa mais radical. "São
pessoas que não querem a presença americana, mas também não
são simpatizantes de Saddam."
Em comum, os dois estudiosos
não vêem coordenação da resistência em nível nacional, mas sim
local. "Os ataques na região sunita
mostram alguma coordenação,
mas nas áreas xiitas eles parecem
esporádicos e descoordenados",
disse Byman à Folha.
Síria
Sobre a ação da Al Qaeda no
país, Baram disse que ela só é possível com dupla colaboração: dos
simpatizantes de Saddam, que
fornecem informações sobre alvos, e do governo sírio, que permite sua passagem pela fronteira.
O professor ainda diferencia a
infiltração pela fronteira síria da
que acredita haver na iraniana.
"Do Irã, vêm sobretudo membros da inteligência. É um perigo
no longo prazo, mas, por enquanto, eles não estão orientados a se
explodir em Bagdá nem a atirar
contra americanos", afirmou.
Apesar da ocupação ser a maior
causa da violência, a retirada
americana não é vista como uma
solução. "Um trabalho maior para conquistar os iraquianos e um
trabalho de inteligência mais intenso seriam mais úteis", disse
Byman. Baram também dá sugestões: "Eletricidade, água e empregos aos iraquianos. É isso que vai
ajudar os EUA".
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