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ORIENTE MÉDIO
Líder palestino, que está internado em hospital militar de Paris, será submetido a uma bateria de exames
Doença de Arafat ainda é um mistério
JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS
Iasser Arafat, presidente da Autoridade Nacional Palestina, está
internado desde as 13h30 de ontem no hospital militar Percy, nas
imediações de Paris. Nada foi divulgado sobre seu estado de saúde. O hospital é, no entanto, um
centro de excelência em hematologia, o que reforça a suspeita de
que ele tenha leucemia ou algo semelhante.
Arafat chegou à França num
avião Falcon 50, da Presidência da
República francesa, no qual foram instalados equipamentos para atendê-lo durante o vôo. Uma
equipe de médicos francesa o
acompanhou. O avião aterrissou
na base militar de Vilacoublay, de
onde ele foi transferido de helicóptero ao hospital.
Arafat estava deitado em uma
maca quando deu entrada no
complexo de edifícios localizado
no município de Clamart, a cerca
de 4 km a oeste de Paris. O presidente Jacques Chirac, que se encontrava em Roma para a cerimônia de assinatura da Constituição
européia, disse que a França recebeu o dirigente palestino em nome de sua "tradição de terra acolhedora". Deixou claro que não se
tratava de um gesto político.
O cuidado de Chirac se justifica
aparentemente em razão das reiteradas acusações do governo de
Israel de que a França tem fechado os olhos para o crescimento do
anti-semitismo.
A representante em Paris da
Autoridade Nacional Palestina,
Leila Chaid, disse que Arafat lhe
pediu pessoalmente que agradecesse ao governo francês pelo
translado para tratamento médico. Essa espécie de embaixadora
palestina na França também disse
que Arafat não tinha condições
para ser tratado em Ramallah, onde Israel movia contra ele um cerco de dois anos e meio.
Acena
Arafat está doente há algumas
semanas, e o seu estado de saúde
se agravou muito nesta semana.
Na quarta-feira e na quinta-feira,
chegou-se a especular que a situação fosse irreversível.
O líder palestino desmaiou e
chegou a ficar inconsciente por
dez minutos, segundo relatos.
Porém, anteontem, o quadro se
estabilizou, e o governo francês
convidou Arafat para ir se tratar
em Paris. O premiê israelense,
Ariel Sharon, deu permissão para
Arafat deixar o QG (Muqata) em
Ramallah (Cisjordânia), com o
direito de retornar no futuro caso
se recupere -no dia anterior, Israel havia negado o direito.
Ao sair do QG na cidade palestina, Arafat acenou para centenas
de palestinos e jornalistas que estavam do lado de fora. Em seguida, embarcou em um helicóptero
para Amã (capital da Jordânia),
de onde seguiu no avião francês
para Paris.
O ministro palestino de Assuntos Civis, Jamil Tarifi, que estava
no avião com Arafat, disse que o
estado de saúde do líder palestino
era bom. "Ele estava normal", disse o ministro, embora se especule
em Israel, com base em informações de autoridades palestinas
que preferem não se identificar,
que Arafat esteja desorientado e
delirante.
Em determinado momento na
quinta-feira, Arafat não reconhecia nem mesmo o premiê Ahmed
Korei e o número dois da OLP
(Organização para a Libertação
da Palestina), Mahmoud Abbas
(também conhecido como Abu
Mazen). Nas ruas palestinas, ontem, a maioria das pessoas lamentava o estado de saúde de Arafat e
torcia para que ele se recupere.
Porém, nos últimos anos, a popularidade do líder palestino vem
declinando.
Nos próximos dias, Arafat deve
ser submetido a uma série de exames, e ainda não há previsão de
quando será divulgado qual é exatamente a doença dele.
O hospital militar Percy é um
imenso complexo que ocupa uma
área equivalente a de dois estádios
de futebol. Possui 12 entradas, todas elas guardadas por policiais
militares. Uma cerca metálica impedia jornalistas e cinegrafistas,
em torno de 40 pessoas, de se
aproximarem da portaria.
Com agências internacionais
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