São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2004

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Governo israelense avalia que Arafat está morto politicamente

DA REDAÇÃO

Israel já começa a considerar Iasser Arafat uma carta fora do baralho, e o governo do premiê Ariel Sharon já está trabalhando com um cenário sem a presença do líder palestino no comando da Autoridade Nacional Palestina.
A decisão de permitir que Arafat possa retornar aos territórios caso se recupere após o tratamento em Paris leva em conta que o líder palestino é um doente terminal e que ele não voltará vivo para Ramallah ou outra cidade.
"Até onde eu sei, os dias de Arafat como líder acabaram. A chance de ele retornar para o seu prévio posto é quase inexistente", disse o ministro da Justiça de Israel, Yosef Lapid.
O jornal israelense "Haaretz" citou declaração de um funcionário do alto escalão da defesa de Israel afirmando que "Arafat está morto politicamente na visão [do governo] israelense, mesmo que fisicamente continue vivo".
"Consideramos a condição de Arafat irreversível, o que o retirará de uma maneira ou de outra da arena política", disse essa fonte da área de segurança.
Para Sharon, segundo análise publicada no "Haaretz", seria melhor Arafat incapacitado do que morto. No caso da morte do líder palestino, o premiê israelense perderia o seu principal argumento para a retirada dos assentamentos da faixa de Gaza -o de que não existe um parceiro no lado palestino com quem negociar.
O plano de Sharon foi aprovado na terça-feira no Knesset (Parlamento de Israel) em decisão histórica, e a retirada deverá, em princípio, ocorrer entre maio e setembro do ano que vem.
Ministros do Likud (partido do premiê), incluindo ex-premiê e atual ministro da Economia, Benyamin Netanyahu, no mesmo dia, ameaçaram renunciar em duas semanas se Sharon não convocasse um plebiscito para decidir sobre a retirada.
Agora, com Arafat doente e longe dos territórios, o plano de retirada foi colocado em compasso de espera -embora não oficialmente. Sharon ainda quer levá-lo adiante, mas prefere aguardar a evolução não apenas do estado de saúde Arafat mas também da sucessão no governo palestino.

Compasso de espera
Além disso, os israelenses aguardam quais serão as diretrizes do futuro governo americano sobre o Oriente Médio, ainda que George W. Bush seja reeleito.
A retomada do diálogo com o ex-premiê Mahmoud Abbas -mais conhecido como Abu Mazen- seria mais simples, pois ele assinou o acordo de Ácaba com Sharon e o presidente Geogre W. Bush.
Esse acerto prevê o estabelecimento do "roteiro para a paz", que ainda é o plano apoiado pelos EUA. O premiê Korei estaria reticente até agora em negociar com Sharon, na avaliação israelense, devido a pressões de Arafat.
Em pesquisa do Instituto Maagar, de Israel, 47% dos israelenses disseram querer que Arafat morra. Outros 32% disseram não desejam a morte do líder palestino. O levantamento foi feito com 500 pessoas e tem margem de erro de 4,5 pontos percentuais para mais ou para menos.


Com agências internacionais


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