São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2008

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Obama monopoliza horário nobre

"Infomercial" de meia hora vai ao ar na noite de ontem em sete das principais emissoras americanas

Democrata gastou entre US$ 3 milhões e US$ 5 milhões na iniciativa, que rendeu críticas do adversário republicano, John McCain

Joshua Lott - 28.ago.08/Reuters
Transeuntes assistem na Times Square, em Nova York, a aparição de Barack Obama na CNN

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Nadando em dinheiro, com mais de US$ 660 milhões arrecadados até agora, o candidato democrata Barack Obama exibiu ontem simultaneamente no horário nobre de sete emissoras americanas propaganda eleitoral de meia hora, com audiência potencial de dezenas de milhões de pessoas.
O "infomercial" (comercial informativo) foi ao ar às 20h de Washington (22h de Brasília) e teve direção do filho do documentarista da campanha de Robert Kennedy em 1968. O valor total pago não foi divulgado, mas estima-se que tenha ficado entre US$ 3 milhões e US$ 5 milhões -Obama já gastou US$ 230 milhões só com propagandas de TV. Diferentemente do Brasil, não há horário eleitoral gratuito nos EUA.
Nele, o senador resume suas propostas, conta um pouco de sua vida e apresenta a história de quatro famílias de Estados-chave que representam um microcosmo de eleitores de que o democrata precisa para consolidar a liderança. Há o operário branco desempregado de uma montadora, o casal de aposentados de Ohio, a latina com filha excepcional e uma mãe de cinco lutando com as contas.
Os relatos foram intercalados com depoimentos de estrelas do partido, como os governadores Ted Strickland (Ohio) e Tim Kaine (Virgínia) e de simpatizantes famosos de Obama, como Eric Schmidt, CEO da Google. No fim, o senador entrou ao vivo da Flórida, ao lado de seu vice, Joe Biden.
O programa foi exibido em 3 dos 4 maiores canais abertos do país, CBS, NBC e Fox, além da noticiosa MSNBC, da hispânica Univisión e das voltadas ao público negro BET e TV One. A CNN se negou a vender espaço, a Fox News não foi procurada, e a ABC aceitou tarde demais.
É a primeira vez que isso acontece desde 1992, quando Ross Perot tomou iniciativa parecida. A situação de Obama, porém, é muito diferente da do azarão bilionário. À frente nas pesquisas, o candidato corre o risco de passar uma imagem de arrogância que acabaria por lhe custar votos. Se acontecer, não será a primeira vez.
Em seu discurso no fim da Convenção Democrata, o palco trazia falsas colunas greco-romanas que viraram motivo de chacota entre republicanos por dias. Em outra ocasião, ele falou num pódio com um selo que lembrava o da Casa Branca.
E, enquanto a campanha de John McCain prepara sua "festa da vitória" num salão de hotel em Phoenix, no Arizona, a de Obama planeja reunir 1 milhão de pessoas num dos maiores parques de Chicago.
A reação republicana ao "infomercial" veio logo. McCain colocou no ar na TV o que chamou de "pré-réplica". "Atrás dos discursos pomposos, das promessas grandiosas e do especial de TV, está a verdade: em tempos de crises doméstica e no exterior, Obama não tem a experiência de que os EUA precisam", diz o anúncio.
Em texto à imprensa, a campanha republicana diz que a investida do rival atrasou o jogo decisivo da liga de beisebol, versão que o candidato repisara anteontem. "Quando eu for presidente, ninguém atrasará a World Series com "infomerciais'", disse. Tanto a campanha de Obama como a Fox, que transmitiria o jogo, negam.
Na reta final, a campanha de Obama vem inundando o ar com 7.700 comerciais por dia, o dobro da de McCain.


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