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Obama monopoliza horário nobre
"Infomercial" de meia hora vai ao ar na noite de ontem em sete das principais emissoras americanas
Democrata gastou entre
US$ 3 milhões e US$ 5 milhões na iniciativa, que rendeu críticas do adversário republicano, John McCain
Joshua Lott - 28.ago.08/Reuters
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Transeuntes assistem na Times Square, em Nova York, a aparição de Barack Obama na CNN
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Nadando em dinheiro, com
mais de US$ 660 milhões arrecadados até agora, o candidato
democrata Barack Obama exibiu ontem simultaneamente
no horário nobre de sete emissoras americanas propaganda
eleitoral de meia hora, com audiência potencial de dezenas de
milhões de pessoas.
O "infomercial" (comercial
informativo) foi ao ar às 20h de
Washington (22h de Brasília) e
teve direção do filho do documentarista da campanha de
Robert Kennedy em 1968. O valor total pago não foi divulgado,
mas estima-se que tenha ficado
entre US$ 3 milhões e US$ 5
milhões -Obama já gastou
US$ 230 milhões só com propagandas de TV. Diferentemente do Brasil, não há horário
eleitoral gratuito nos EUA.
Nele, o senador resume suas
propostas, conta um pouco de
sua vida e apresenta a história
de quatro famílias de Estados-chave que representam um microcosmo de eleitores de que o
democrata precisa para consolidar a liderança. Há o operário
branco desempregado de uma
montadora, o casal de aposentados de Ohio, a latina com filha
excepcional e uma mãe de cinco lutando com as contas.
Os relatos foram intercalados com depoimentos de estrelas do partido, como os governadores Ted Strickland (Ohio)
e Tim Kaine (Virgínia) e de
simpatizantes famosos de Obama, como Eric Schmidt, CEO
da Google. No fim, o senador
entrou ao vivo da Flórida, ao lado de seu vice, Joe Biden.
O programa foi exibido em 3
dos 4 maiores canais abertos do
país, CBS, NBC e Fox, além da
noticiosa MSNBC, da hispânica
Univisión e das voltadas ao público negro BET e TV One. A
CNN se negou a vender espaço,
a Fox News não foi procurada, e
a ABC aceitou tarde demais.
É a primeira vez que isso
acontece desde 1992, quando
Ross Perot tomou iniciativa parecida. A situação de Obama,
porém, é muito diferente da do
azarão bilionário. À frente nas
pesquisas, o candidato corre o
risco de passar uma imagem de
arrogância que acabaria por lhe
custar votos. Se acontecer, não
será a primeira vez.
Em seu discurso no fim da
Convenção Democrata, o palco
trazia falsas colunas greco-romanas que viraram motivo de
chacota entre republicanos por
dias. Em outra ocasião, ele falou num pódio com um selo que
lembrava o da Casa Branca.
E, enquanto a campanha de
John McCain prepara sua "festa da vitória" num salão de hotel em Phoenix, no Arizona, a
de Obama planeja reunir 1 milhão de pessoas num dos maiores parques de Chicago.
A reação republicana ao "infomercial" veio logo. McCain
colocou no ar na TV o que chamou de "pré-réplica". "Atrás
dos discursos pomposos, das
promessas grandiosas e do especial de TV, está a verdade: em
tempos de crises doméstica e
no exterior, Obama não tem a
experiência de que os EUA precisam", diz o anúncio.
Em texto à imprensa, a campanha republicana diz que a investida do rival atrasou o jogo
decisivo da liga de beisebol,
versão que o candidato repisara
anteontem. "Quando eu for
presidente, ninguém atrasará a
World Series com "infomerciais'", disse. Tanto a campanha
de Obama como a Fox, que
transmitiria o jogo, negam.
Na reta final, a campanha de
Obama vem inundando o ar
com 7.700 comerciais por dia, o
dobro da de McCain.
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