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Uribe afasta 27 militares suspeitos
Presidente da Colômbia anunciou medida, que afeta três generais, após investigação sobre assassinato de civis
Cem casos de corpos de civis usados para simular baixas na guerrilha são apurados; Câmara rejeita 2ª reeleição de presidente em reforma
DA REDAÇÃO
O presidente colombiano, Álvaro Uribe, anunciou ontem ter
afastado 27 militares, entre eles
três generais, após investigação
interna tê-los implicado no assassinato de civis apresentados
pelas como guerrilheiros mortos em combate.
Uma comissão do Ministério
da Defesa apontou que os militares, agora aposentados compulsoriamente, eram culpados
da "morte de inocentes" ou haviam sido ao menos negligentes. Uribe disse que os resultados serão passados à Procuradoria Geral, que já apura o caso.
É mais um revés para a política de segurança linha dura de
Uribe, apoiada financeira e militarmente pelos EUA. Os militares vêm impondo derrotas
sucessivas às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), mas são duramente
criticados por organismos defensores de direitos humanos.
O caso que provocou os afastamentos de ontem veio à tona
no fim de setembro, quando foi
noticiado que os corpos de 11
jovens considerados desaparecidos, provenientes da empobrecido entorno de Bogotá, haviam sido encontrados em Ocaña, no departamento de Norte
Santander, 500 km ao norte da
capital. Depois, o número aumentou para 19.
Enterrados em valas comuns
como "não identificados", os
corpos dos jovens haviam sido
apresentados, pelo Exército,
como sendo de guerrilheiros
mortos em combate. Alguns familiares das vítimas disseram
que eles tinham recebido propostas de trabalho no norte do
país, e logo desapareceram.
O governo abriu investigação. Uribe chegou a defender os
militares envolvidos: "Esses jovens não foram lá buscar café".
O caso serviu de estopim. Nas
últimas semanas, denúncias de
ao menos cem "falsos positivos" -civis considerados desaparecidos e depois encontrados
mortos travestidos de guerrilheiros- apareceram em nove
regiões do país.
Há anos organismos de direitos humanos denunciavam casos semelhantes, conseqüência
da política do Exército de premiar com dias de folga ou dinheiro o abate de inimigos.
Ainda ontem, relatório de
um pool de ONGs afirmou que
535 civis foram mortos por soldados e policiais de 2007 até junho deste ano e só cerca de cem
casos estão sendo investigados.
A oposição pede a renúncia
do ministro da Defesa, Juan
Manuel Santos, e os familiares
das vítimas exigem indenização. Mas o que mais preocupa
Bogotá é o eco internacional.
O "New York Times" publica
na edição de hoje ampla reportagem sobre o tema, no momento em que o governo Uribe
tenta passar no Congresso, de
maioria democrata, o acordo de
livre comércio entre os dois
países e ante a perspectiva de
perder ajuda militar em 2009.
Re-reeleição
Também ontem, a Câmara
de Deputados colombiana rejeitou incluir no projeto de reforma constitucional o artigo
que permitiria ao presidente
Uribe se reeleger pela segunda
vez em 2010. Agora, o único caminho para aprovar o mecanismo é o referendo popular. O
Partido de la U, do presidente,
já recolheu mais 5 milhões de
assinaturas para tal, mas a convocação também tem de ser
aprovada no Congresso.
Com agências internacionais
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