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Para Olmert, Israel corre risco sem um Estado palestino
Premiê israelense evoca perigo do direito a voto em terras comuns, com os palestinos mais numerosos que os judeus
Pesquisas demonstram que
israelenses são pessimistas
sobre paz até o fim de 2008;
Abbas quer reverter opinião
de adversários de acordos
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, disse em
entrevista ao "Haaretz" que o
eventual malogro das negociações com os palestinos para a
criação de dois Estados independentes poderia ameaçar, a
longo prazo, a própria sobrevivência de Israel.
"Caso chegue o dia em que
entre em colapso a solução de
dois Estados e passemos a enfrentar lutas de estilo sul-africano pela igualdade de direito a
voto, a partir desse momento o
Estado de Israel estará acabado", afirmou Olmert.
Ele se referia à presença de 4
milhões de palestinos em Gaza
e na Cisjordânia, enquanto Israel tem uma população de 7
milhões, parte da qual também
é palestina. A médio prazo, os
palestinos poderão ser mais
numerosos que os judeus.
O alerta do premiê coincide
com o ceticismo dos israelenses quanto ao desfecho das negociações definidas na última
terça-feira em Annapolis, durante conferência patrocinada
pelos Estados Unidos.
Segundo pesquisa do Instituto Dahaf, publicada pelo "Yediot Ahronot", 83% dos entrevistados disseram não acreditar que se chegará a um acordo
de paz até o final do ano que
vem, prazo fixado na conferência. Só 16% achavam que o cronograma seria cumprido.
Indagados sobre a própria
conferência, 50% a qualificaram como um fracasso, contra
só 17% para os quais ela foi um
sucesso. Outra pesquisa, do instituto Dialog, no "Haaretz", demonstra porcentagens parecidas, com 42% acreditando que
a conferência fracassou, e 17%,
que ela foi bem-sucedida.
Observadores acreditam que
interesse a Ehud Olmert, enfraquecido no plano interno, fazer
declarações dramáticas que
preparem o terreno para inevitáveis concessões territoriais
que provocariam a oposição
ruidosa dos setores religiosos
ou dos radicais da direita laica.
Caso do Banco Leumi
As pressões contra o premiê,
e foi uma coincidência, passaram a pesar menos ontem, com
a divulgação do inquérito policial sobre a privatização do
Banco Leumi. Não há evidências de que Olmert, então ministro das Finanças, favoreceu
determinado grupo no edital.
Ainda pesa sobre Olmert a
suspeita de subfaturar a compra de seu domicílio em Jerusalém, utilizando dinheiro de
origem desconhecida. Por fim,
o premiê é objeto de inquérito
sobre a decisão de lançar, no
ano passado, desastrada campanha militar contra o Hizbollah, no sul do Líbano.
Do lado palestino, o grupo islâmico Hamas lançou ontem
comunicado para lembrar a resolução da ONU que há 60 anos
dividiu em dois territórios a antiga Palestina sob protetorado
britânico, o que permitiu em
seguida a criação de Israel.
O grupo radical, que rejeita
as negociações previstas por
Annapolis, disse que "estão
abertas todas as possibilidades
para responder aos previsíveis
crimes sionistas".
O Hamas é o grande calcanhar-de-aquiles do presidente
da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. A oposição do grupo, majoritário nas
eleições legislativas de janeiro
de 2006, relativiza a sua legitimidade para fazer concessões
de peso aos israelenses.
O presidente da ANP estava
ontem na Tunísia, para tentar
reverter as posições de Farouk
Kaddoumi, um dos dirigentes
históricos de seu partido, o laico Fatah, mas que se opõe a negociações com Israel.
Com agências internacionais
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