|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sem multidão, Kasparov é libertado na surdina após cinco dias de detenção
DO ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU
O ex-campeão mundial de
xadrez Garry Kasparov, líder da
frente oposicionista Outra
Rússia, foi libertado ontem de
forma a frustrar os poucos seguidores seus que apareceram
em frente à carceragem da Polícia Criminal na rua Petrovka,
centro de Moscou.
Sua libertação estava marcada para as 15h45 (10h45 em
Brasília). Com isso, entre quatro e seis partidários do Outra
Rússia se alternaram nas calçadas laterais do prédio czarista.
Os manifestantes alegaram que
não podiam estar em maior número para não configurar um
protesto, algo não autorizado.
Havia seis policiais uniformizados rondando os presentes,
mas sem os intimidar. Kasparov tinha sido preso no sábado
em Moscou, por participar de
um ato anti-Putin que não teria
sido autorizado.
Anteontem o seu rival no xadrez nos tempos da União Soviética, Anatoli Karpov, foi impedido de visitá-lo. Ambos protagonizaram sensacionais duelos nos tabuleiros e na política.
Karpov era o predileto da velha
ordem, e Kasparov representava a "perestroika" de Mikhail
Gorbatchov -que ontem criticou a prisão do ex-protegido.
Uma mulher de cerca de 40
anos, que disse chamar-se Ludmila, segurava um buquê de flores brancas. Cerca de 20 jornalistas circulavam pelo local,
quando os celulares começaram a tocar. Kasparov havia sido levado secretamente para
casa, horas antes.
Sob resmungos generalizados, já que o frio de -4C tinha
vento forte como auxiliar no
castigo aos presentes, os jornalistas saíram rapidamente, tal
como um bando de patos num
rinque de patinação. A calçada
congelada é lisa, e quedas são
um perigo constante.
No site do Outra Rússia, foi
divulgado um pronunciamento
no qual Kasparov agradeceu
pelo apoio de seus partidários,
disse estar com boa saúde e que
teve bastante tempo para trabalhar em um novo editorial
para o jornal norte-americano
"The Wall Street Journal".
(IG)
Texto Anterior: Putin evoca medo de oligarcas ao pedir voto Próximo Texto: Religião: Papa aceita convite a diálogo e chama muçulmanos ao Vaticano Índice
|