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Eslováquia apreende urânio enriquecido
Os 481 g do material, pegos com três homens que chegavam da Hungria, poderiam ser utilizados em uma "bomba suja"
Autoridades dizem que possível origem é região da antiga União Soviética; apreensão foi a maior
desde 1994, segundo AIEA
MARTIN SANTA
DA REUTERS, EM BRATISLAVA
A polícia da Eslováquia
anunciou ontem haver apreendido, no dia anterior, urânio
enriquecido, material radiativo
que poderia ser usado para produzir uma "bomba suja".
A polícia anunciou ter
apreendido 481,4 g do material
e haver detido dois húngaros e
um ucraniano na quarta-feira,
em uma operação realizada ao
longo da fronteira entre Eslováquia e Hungria e perto da
fronteira ucraniana.
Uma bomba suja é um dispositivo explosivo que difunde radiatividade mas cuja detonação
é provocada por material não-nuclear.
"O que tornava o material radiativo ainda mais perigoso era
o fato de estar em forma de pó,
o que permitiria que ele fosse
utilizado para produzir uma
bomba suja", informou em entrevista coletiva o vice-presidente da polícia eslovaca, Michal Kopcik.
A polícia informou que a origem provável do material era a
zona da antiga União Soviética,
mas não especificou o país.
Os policiais informaram que
os suspeitos foram detidos a caminho de um encontro no qual
pretendiam vender o material
ao preço de US$ 3.500 por grama, o que avaliaria o total
apreendido em cerca de US$ 1,7
milhão, e que eles haviam entrado na Eslováquia vindos da
Hungria.
A polícia originalmente havia
informado a apreensão de 1 kg
de material, mas funcionários
disseram na quinta-feira que a
informação original havia sido
fornecida pelos três suspeitos.
A corporação não disse até que
nível o urânio havia sido enriquecido, mas que o material,
armazenado em duas caixas,
continha dois tipos de urânio,
conhecidos como isótopo 235 e
isótopo 238.
O enriquecimento eleva a
proporção de urânio-235 no
material, e isso pode gerar combustível nuclear usado para
abastecer reatores de geração
de energia ou na produção de
ogivas nucleares.
Ucrânia
John Large, um consultor
britânico independente, disse
que a Ucrânia era o principal
centro de processamento de
urânio da União Soviética e que
o país ainda abriga vasto volume de resíduos nucleares.
"O urânio é material bastante
comum na Ucrânia", ele disse, e
os controles do país "são bem
frouxos".
Urânio sem alto teor de enriquecimento não teria grande
utilidade para terroristas, mesmo em forma de bomba suja,
porque seria menos efetivo do
que um dispositivo explosivo
complementado por césio ou
estrôncio, nesse caso, acrescentou Large.
A polícia da República Tcheca, que antigamente formava
uma federação com a Eslováquia, localizou 2,73 kg de urânio enriquecido na capital, Praga, em 1994. O material estava
destinado a venda ilegal.
Foi a segunda maior apreensão de urânio enriquecido, depois dos 2,79 kg apreendidos na
cidade russa de São Petersburgo em 1994, de acordo com a
Agência Internacional de Energia Atômica.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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