São Paulo, sexta-feira, 30 de novembro de 2007

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Eslováquia apreende urânio enriquecido

Os 481 g do material, pegos com três homens que chegavam da Hungria, poderiam ser utilizados em uma "bomba suja"

Autoridades dizem que possível origem é região da antiga União Soviética; apreensão foi a maior desde 1994, segundo AIEA

MARTIN SANTA
DA REUTERS, EM BRATISLAVA

A polícia da Eslováquia anunciou ontem haver apreendido, no dia anterior, urânio enriquecido, material radiativo que poderia ser usado para produzir uma "bomba suja". A polícia anunciou ter apreendido 481,4 g do material e haver detido dois húngaros e um ucraniano na quarta-feira, em uma operação realizada ao longo da fronteira entre Eslováquia e Hungria e perto da fronteira ucraniana.
Uma bomba suja é um dispositivo explosivo que difunde radiatividade mas cuja detonação é provocada por material não-nuclear. "O que tornava o material radiativo ainda mais perigoso era o fato de estar em forma de pó, o que permitiria que ele fosse utilizado para produzir uma bomba suja", informou em entrevista coletiva o vice-presidente da polícia eslovaca, Michal Kopcik. A polícia informou que a origem provável do material era a zona da antiga União Soviética, mas não especificou o país.
Os policiais informaram que os suspeitos foram detidos a caminho de um encontro no qual pretendiam vender o material ao preço de US$ 3.500 por grama, o que avaliaria o total apreendido em cerca de US$ 1,7 milhão, e que eles haviam entrado na Eslováquia vindos da Hungria. A polícia originalmente havia informado a apreensão de 1 kg de material, mas funcionários disseram na quinta-feira que a informação original havia sido fornecida pelos três suspeitos. A corporação não disse até que nível o urânio havia sido enriquecido, mas que o material, armazenado em duas caixas, continha dois tipos de urânio, conhecidos como isótopo 235 e isótopo 238.
O enriquecimento eleva a proporção de urânio-235 no material, e isso pode gerar combustível nuclear usado para abastecer reatores de geração de energia ou na produção de ogivas nucleares.

Ucrânia
John Large, um consultor britânico independente, disse que a Ucrânia era o principal centro de processamento de urânio da União Soviética e que o país ainda abriga vasto volume de resíduos nucleares. "O urânio é material bastante comum na Ucrânia", ele disse, e os controles do país "são bem frouxos".
Urânio sem alto teor de enriquecimento não teria grande utilidade para terroristas, mesmo em forma de bomba suja, porque seria menos efetivo do que um dispositivo explosivo complementado por césio ou estrôncio, nesse caso, acrescentou Large. A polícia da República Tcheca, que antigamente formava uma federação com a Eslováquia, localizou 2,73 kg de urânio enriquecido na capital, Praga, em 1994. O material estava destinado a venda ilegal.
Foi a segunda maior apreensão de urânio enriquecido, depois dos 2,79 kg apreendidos na cidade russa de São Petersburgo em 1994, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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