São Paulo, segunda-feira, 30 de novembro de 2009

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Irã quer mais 10 centrais nucleares

Três dias após censura da AIEA, Teerã anuncia novas plantas e maior grau de enriquecimento de urânio

Casa Branca afirma que "tempo está acabando" para governo iraniano, que diz querer produzir energia, não armamento atômico

DA REUTERS

O governo iraniano aprovou ontem a construção de dez novas centrais nucleares, numa decisão que ameaça acirrar as tensões com o Ocidente.
O anúncio surge três dias após a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), ligada à ONU, ter emitido a mais dura resolução contra o Irã em três anos, condenando o país pela falta de transparência sobre seu programa atômico.
O texto da AIEA abriu caminho para novas sanções econômicas do Conselho de Segurança da ONU contra Teerã, o que levou alguns setores iranianos a ameaçarem diminuir sua cooperação com as potências.
Após reunião de gabinete comandada ontem pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad, foi ordenado às autoridades nucleares que iniciem obras de novas plantas em cinco lugares já definidos e apresentem, em dois meses, propostas de locais para a construção de mais cinco unidades.
Segundo o governo, novas centrais serão construídas nos moldes da unidade nuclear de Natanz, ao sul de Teerã, a única em atividade até agora. São necessários anos para tornar uma planta nuclear operacional.
Teerã também anunciou ontem que aumentará para 20% o nível de enriquecimento de urânio de suas centrais, atualmente em 3,5% -a fabricação da bomba requer urânio altamente enriquecido.
Uma alta fonte da AIEA disse não saber se o Irã está realmente endurecendo sua posição ou se está blefando em meio a conversas cada vez mais duras.
Em setembro, o Irã revelou à AIEA a existência de uma central nuclear em construção nos arredores da cidade de Qom, ao sul de Teerã, em meio a suspeitas de que serviços secretos ocidentais já a haviam detectado.
Nas últimas semanas, o Irã rejeitou conversas para que seu urânio fosse enriquecido na Rússia e na França, alegando falta de garantias de que receberia o material de volta.
Os EUA disseram ontem que a construção de novas centrais sinaliza "mais uma séria violação das obrigações iranianas" e reiteraram que "o tempo está se esgotando" para Teerã, que, segundo Washington, "está cada vez mais isolada".
Teerã nega acusações de que quer a bomba atômica e insiste em que suas instalações nucleares servem apenas para produzir energia. Negocia com as grandes potências há sete anos uma solução que lhe permita continuar enriquecendo urânio -o que tem direito a fazer sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear, desde que em cooperação com a AIEA.


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