|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Irã quer mais 10 centrais nucleares
Três dias após censura da AIEA, Teerã anuncia novas plantas e maior grau de enriquecimento de urânio
Casa Branca afirma que "tempo está acabando" para governo iraniano, que diz querer produzir energia, não armamento atômico
DA REUTERS
O governo iraniano aprovou
ontem a construção de dez novas centrais nucleares, numa
decisão que ameaça acirrar as
tensões com o Ocidente.
O anúncio surge três dias
após a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), ligada à ONU, ter emitido a mais
dura resolução contra o Irã em
três anos, condenando o país
pela falta de transparência sobre seu programa atômico.
O texto da AIEA abriu caminho para novas sanções econômicas do Conselho de Segurança da ONU contra Teerã, o que
levou alguns setores iranianos
a ameaçarem diminuir sua cooperação com as potências.
Após reunião de gabinete comandada ontem pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad, foi
ordenado às autoridades nucleares que iniciem obras de
novas plantas em cinco lugares
já definidos e apresentem, em
dois meses, propostas de locais
para a construção de mais cinco
unidades.
Segundo o governo, novas
centrais serão construídas nos
moldes da unidade nuclear de
Natanz, ao sul de Teerã, a única
em atividade até agora. São necessários anos para tornar uma
planta nuclear operacional.
Teerã também anunciou ontem que aumentará para 20% o
nível de enriquecimento de
urânio de suas centrais, atualmente em 3,5% -a fabricação
da bomba requer urânio altamente enriquecido.
Uma alta fonte da AIEA disse
não saber se o Irã está realmente endurecendo sua posição ou
se está blefando em meio a conversas cada vez mais duras.
Em setembro, o Irã revelou à
AIEA a existência de uma central nuclear em construção nos
arredores da cidade de Qom, ao
sul de Teerã, em meio a suspeitas de que serviços secretos ocidentais já a haviam detectado.
Nas últimas semanas, o Irã
rejeitou conversas para que seu
urânio fosse enriquecido na
Rússia e na França, alegando
falta de garantias de que receberia o material de volta.
Os EUA disseram ontem que
a construção de novas centrais
sinaliza "mais uma séria violação das obrigações iranianas" e
reiteraram que "o tempo está
se esgotando" para Teerã, que,
segundo Washington, "está cada vez mais isolada".
Teerã nega acusações de que
quer a bomba atômica e insiste
em que suas instalações nucleares servem apenas para
produzir energia. Negocia com
as grandes potências há sete
anos uma solução que lhe permita continuar enriquecendo
urânio -o que tem direito a fazer sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear, desde que em
cooperação com a AIEA.
Texto Anterior: Próxima primeira-dama prevê Congresso mais negociador Próximo Texto: Suíços aprovam lei que veta construção de minaretes no país Índice
|